Mês: agosto 2009

Sucesso absoluto

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Outro dia peguei um livro para ler. Era um livro escrito especialmente para tratar da área conjugal, endereçado a jovens casais.   Livro evangélico, de autor cristão bem firmado! Encontrei a seguinte sugestão, logo no primeiro capítulo: “Como mandar a esposa embora sem o mínimo esforço”. A resposta é simples: Não a ame. A vida confirma aquilo que Deus já revelara; o que compactua com a tese do autor: A ausência de amor demonstrado, compartilhado, não somente esfria como enfeia o relacionamento.

O Senhor afirma através das Escrituras: “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor seria de todo desprezado.” (Cânticos 8.7). Isto não é utopia, não é apenas sonho para os românticos, é realidade; porém, é realidade para um amor vivido, compartilhado. O versículo anterior, falado pelo noivo, afirma: “Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas.” (Cânticos 8.6). Estas palavras resumem o tema de todo o livro. Cânticos de Salomão não é um livro simbólico do relacionamento de Cristo com sua igreja. Cânticos de Salomão não é simplesmente uma cantata. Cânticos de Salomão é um livro revelado por Deus para falar do amor. Para provar que a vida a dois é possível. Que o casamento pode e deve ser bem sucedido. Que o relacionamento conjugal é para ser vitoriosamente alegre, bonito, prazeroso e divino.

“Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço”. Um sinete ou um selo era um anel usado na mão direita, ou carregado sobre o coração por meio de uma corrente pendurada no pescoço. Era emblema de autoridade e, portanto, uma propriedade muito preciosa. O simbolismo é a expressão do desejo irresistível de ser a preciosidade de seu cônjuge. Ser aquilo que vale a pena! Mesmo se tudo der errado; se todos os projetos fracassarem; se todos se afastarem, eu ainda o tenho. Ou mesmo que o sucesso bata a porta, trazendo até aquilo que não foi planejado, coisas grandiosas e maravilhosas, ainda terei minha maior preciosidade: ainda a terei como esposa. É impossível ser aquilo que vale a pena sem viver o amor, sem compartilhar os pensamentos, sem diálogo, sem o beijo carinhoso, e o abraço confortante; sem o prazer do relacionamento sexual contínuo e crescente.

Todos os noivos têm pais, padrinhos, amigos; estão rodeados de pessoas sorridentes e tristes; e ouvem todos os tipos de conselhos (do mais interessante e edificante ao mais ridículo e destruidor). Descobrem inúmeros casais que há muito não compartilham o amor. Estes vivem teatralmente, vivem das aparências, que enganam a muitos, mas não a todos. A razão desta infelicidade? Não vêem seu cônjuge como o selo sobre o coração, como selo sobre o braço. Não vêem seu cônjuge como sua preciosidade. Como aquilo que realmente vale à pena.

As desculpas são muitas, e diversificadas; mas, a realidade é que tem prevalecido uma incrível onda de infidelidade.  Infidelidade não somente pensando na traição conjugal, mas pensando em tudo aquilo que é prometido ao Senhor e às testemunhas, e a si própria, no dia do casamento – amar, cuidar, respeitar, servir, priorizar, etc. Quando não se cumpre com qualquer destas promessas, torna-se infiel. E esta, sim, é a razão principal pelo desastre de muitos casamentos: não se vive aquilo que é prometido, logo, como esperar sucesso?

O amor não pode ser apagado ou afogado pelas muitas águas; nem pode ser trocado por todo e qualquer bem, desde que seja vivido, desde que seja compartilhado, dia-a-dia, através do planejamento, do diálogo, das conquistas, das derrotas, do afeto, e do temor ao Senhor. Quem vive este amor, experimenta a alegria no Senhor. E percebe que o casamento, o autêntico, é sucesso absoluto.

Por quê?

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Pergunta que revela a existência de um enigma, algo não entendido, e que geralmente dói. É preciso que o não-entendido doa para que surja a pergunta. Há muitas coisas que não entendemos, mas elas não doem. Não doendo, a pergunta não surge. Fazemos a pergunta numa tentativa de diminuir a dor, para dar sentido à dor.

“Por que você falou desse jeito?” “Por que não me ligou?” “Por que quer terminar o relacionamento?”

Quem pergunta “por quê?” deseja uma resposta. Quer uma explicação, pois uma dor explicada é uma dor que dói menos (às vezes). Mas existem situações em que a pergunta surge sem esperança de resposta. E, mesmo que esta fosse dada, de nada valeria.

“Por que morreu?” “Por que nos deixou, partindo para o nunca mais?” “Por que não passei?”

Na realidade não se espera uma resposta. O “por quê?” é um grito de protesto dirigido aos céus, um urro que nenhuma resposta explicará ou consolará. Grito que se grita diante da dor sem consolo. Em horas assim não há ateus. Se a cabeça diz que Deus não existe, o coração afirma que tem de existir.

Respostas teológicas surgem em ritmos divergentes, porém, apontando para uma mesma direção, numa tentativa de declaração: a explicação das razões baseadas no relacionamento entre o Deus onipotente (para alguns, transcendente, para outros, imanente, e ainda para alguns, tão um quanto o outro) e o homem, tão carente.

Diante de um “por quê?” a resposta divina é ansiada, porém, o que menos se espera, e é exatamente o que mais ilude e faz doer, é por uma resposta humana travestida como divina. É a postura de consciente ou não servir de porta-voz, ou intérprete do Criador; assumindo, assim, sacerdócio exclusivo. É a loucura de achar que se não houver uma resposta a todas as nossas perguntas, Deus perde seu posto e função de Soberano. É a tentativa ousada de domesticar a Deus, levando-o a concordar e a discordar com toda a vontade do abusado adestrador. Respostas assim causam mais sofrimento, além de orientar mal, guiando seu ouvinte a uma crença insana.

O Deus revelador em muitos momentos em sua Revelação ficou em silêncio, deixando o homem sem resposta para algumas indagações. E, mesmo, revelando somente aquilo que achou interessante, necessário. É mais fácil acreditar na limitação e ignorância do homem do que na impossibilidade do Criador. Isto nos ensina que há resposta para tudo, porém, que nem sempre deve ser revelada.   Assim, há espaço para que alguns dos meus “por quê?” fiquem no ar, como desabafo, ou mesmo dúvida. Melhor assim, do que as respostas humanas travestidas de divinas!

De qualquer forma, eu estou aqui, Deus também, além de lá; e continua a me guiar. Respondendo ou não ao meu “por quê?”.

“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Salmo 42.11).

Viver

“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10).

Eu sei! A realidade humana é triste, fria e cruel. Mesmo com lampejos de sanidade moral e espiritual, quando surge fina paisagem de amor, de afeição, redundando em momentos de sorrisos, de satisfação; a parte nublada da vida humana é assustadora com seus trovões, relâmpagos, tempestades de ódio, de hipocrisia, de cobrança e da mais terrível indiferença.

O que é a vida para o homem? Nasce dependente, segurando mãos fortes e simpáticas, cresce independente, segurando mãos convenientes; e então, formado, vive a crise existencial entre o ser e o não ser, entre o ser humilde ou pedante, o ser vitorioso ou fracassado, o prevalecer Cristo ou a si próprio.

O que é a vida para o homem? Depois de “formado” é a morte. Muitos possuem medo assombroso da vida e não da morte. Ao contrário, lidam com a morte como simpática amiga, tamanho o medo da vida, o medo de ser exposto, de fracassar. Esta simpatia pela morte se dá pelo medo de não saber viver, por isso, mesmo estando vivo, respirando, muitos estão jazendo, levando a vida em compasso de morte com sua visão negativa, pessimista, com sua não-participação egoísta, com sua indiferença a tudo o que ouve e vê, incluindo o evangelho, não sendo envolvido e conseqüentemente não se envolvendo. O resultado? Morte. A pior de todas, a morte em vida.

O que é a vida para o homem? A resposta divina é Cristo. Ele veio para dar vida, e vida abundante. Não veio simplesmente como expressão da vida, mas sendo a própria vida que renova a vida no homem morto, perdido em meio a um mundo tenebroso, pintado pelo pecado que a todos assedia, domestica e vicia.

O que é a vida para o homem? A vida que Cristo trouxe ao homem. O evangelho vivido, chorado, curtido, gritado por um coração sem medo da autenticidade, da exposição, sem o desejo da vitória a todo custo, daquela cujo único objetivo é a vanglória. A vida em Cristo evita o matar, o roubar, o destruir em prol de todo e qualquer propósito. A vida em Cristo assume a característica teimosa do enxergar o outro sem rótulos, do perdoar, do dar, enfim, do amar.

Viver não é conquistar, mas sim ser conquistado por Cristo Jesus!

Pai

Pai é pai

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A expressão comum “mãe é mãe!” traz a idéia de incomparabilidade. Se há algo neste mundo inconfundível, e que possui características e sentimentos exclusivos, certamente é a figura da mãe. Este é o pensamento comum que parece estar difundido em todo o planeta, e isto por muitos e muitos anos.

Não quero discutir a veracidade deste pensamento; mas sim, ao lembrar-me desta, destacar outra figura importantíssima: O pai. Interessante notar os pontos de aproximação entre as figuras do pai e da mãe: A família; a responsabilidade de cuidar dos filhos; o cuidado no relacionamento entre eles como parte da educação dos filhos; os dias especiais; o comum carinho e consideração dos filhos; e a realidade da falta na ausência de qualquer na formação do caráter dos filhos. Estes são alguns dos pontos em comum.

Porém, há pontos singulares. Os mais destacados pela humanidade são os da mãe: A sensação da gravidez; a sintonia física entre a mãe e a criança enquanto na dependência; as sensações subjetivas que levam a mãe a acertar muitas vezes, e a errar em outras, quanto às observações sobre o viver dos filhos; os braços normalmente abertos para proteger, mesmo que os filhos estejam absurdamente equivocados. Estas são algumas das singularidades de cada mãe.

Já o pai age e reage como pessoa comum, aos olhos de todos. Consegue ser mais racional em várias situações, ora pensando na formação do filho ora considerando unicamente a justiça, mesmo que o filho venha a sofrer as conseqüências. Sente: sofre, se alegra; enfim, vive. Porém, como homem, seja pelas características herdadas na própria criação divina, seja pela invisível, mas presente, exigência da sociedade, mantém-se “controlado”. O pai muitas vezes chora sem lágrimas; sofre sem cara feia; curte sua depressão sem deixar de estar ao lado; interioriza as críticas sem abandonar suas responsabilidades. Vive toda a sua vida se doando, mesmo sem contar com um único verdadeiro amigo (é a realidade de muitos). E lida com a realidade da cobrança, justa ou não, de que o sucesso da família depende de seu trabalho.

A singularidade do pai está na pessoa de Deus. Dentre as figuras usadas pelo Senhor para se auto-revelar ao mundo, a do “Pai” é a preferida da humanidade. A razão? Provavelmente porque “pai” é aquele que traz segurança, sustento e conforto, numa sensação final. Basta perceber o resultado nos filhos. Se um filho, ou filha, recebe tais retornos da mãe, mas não do pai, normalmente a sensação é de algo incompleto. Porém, em situação contrária, o filho tende a se sentir mais amparado, mesmo sem o aval da mãe.

A singularidade do pai está na pessoa de Deus, até quando esta figura serve de absoluto, de referencial para toda e qualquer pessoa, incluindo as mães. É certo que nenhum pai é perfeito como o Senhor, mas, também é certo que este Senhor usou a singularidade do pai humano como melhor figura para se auto-revelar. A perfeição está no Senhor. Assim, a perfeição de cada pai, assim como de cada mãe, está em sua ligação com o Pai perfeito.

No ideal de Deus, e no ideal de todos aqueles que vivem com Deus: pai é pai. Sendo substituído única e exclusivamente pelo Pai eterno.

Ame seu pai, pois não há outro para você. É o que também diz o Pai celeste.