Creio não existir nada pior para o ser humano do que a sensação do abandono. Quando passamos por qualquer problema, mas temos pessoas com quem contar; que se achegam, demonstrando carinho, vontade de ajudar, mesmo quando não o sabem, nos sentimos confortados, apoiados a não desistir. Mas, quando todos parecem nos abandonar…
A verdade é que passamos pela vida perdendo coisas: amigos, cônjuges, saúde, sonhos do passado. Nada permanece da forma como estava antes. Alguns ficam animados com o assunto: “Agradeço a Deus porque a vida ficou muito melhor do que esperava”. Raramente passa uma semana sem que me depare com aqueles que estão muito longe do caminho da gratidão a Deus pelas perdas do que lhes era querido. Alguns abandonos são previsíveis, mas isto não os torna menos dolorosos.
O mais incrível neste assunto é que se planejamos investir muito de nosso tempo seguindo a Jesus Cristo, contaremos com uma imensa carga de abandonos. Ele passou sua vida afirmando isto para os seus discípulos: “Somente aqueles que perderem suas vidas a acharão” (lucas 9.24).
A verdade é que pessoas experimentam a luz da esperança no momento exato em que sucumbem em seu mais tenebroso medo. Quando a vida se torna verdadeiramente difícil de ser vivida; quando a dor se torna insuportável; quando a perda daquilo que tanto queremos é certa, o Senhor, então, se apresenta como o Salvador; como aquele que está ao lado, aquele que ama. Como aquele que perdoa e restaura; aquele que tem o poder de dar uma vida diferente.
As pessoas pensam que sua doença, seu divórcio ou sua mágoa significam o fim de suas vidas. Elas estão certas. A vida como elas conheciam já era. Em seu ligar ganharam não apenas uma nova vida, mas uma nova proposta para a vida.
Receber Jesus como Salvador significa reconhecê-lo como único socorro. Não nosso único socorro para conseguir o que desejamos, mas nosso único e verdadeiro socorro; pois, Cristo não nos salva com o propósito de continuarmos a viver nossa vida. Ele é Salvador daqueles que estão num processo de mudança de vida. Ele nos convida a abandonar nossos planos, nossas esperanças, nossos ideais, nossos valores e tradições; e, então, a abraçar a vida na perspectiva de Seus olhos, de Suas palavras, de Seu abraço, de Seu aconchego. Afinal, ele nos converte de nós mesmos, votando-nos para Ele.
Confrontados com o abandono, podemos voltar nosso coração para as coisas que perdemos; ou voltar em direção a esperança que Jesus Cristo é de fato o Salvador de nossa vida; o Salvador que traz nova vida: “Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele” (Filipenses 3.7-9a).
Quando o abandono chegar, aproveite-o para começar a viver Cristo.