Mês: maio 2019

Sonhei e, enfim, acordei

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Acordei feliz e disposto a realizar qualquer tarefa, pois o meu sonho me encheu de expectativa, ao ser abraçado por meu coração e correr por minhas veias, espalhando esperança por todo o corpo. Sonhei que vivia em uma terra que não havia problema algum e que tudo era só sorriso, porque Deus, o Criador, assim estabelecera. Nesta terra só morava os que são alvos de meu amor, de minha admiração; pessoas com as quais teria o maior prazer de conviver e de assumir parceria para qualquer tarefa. Nesta terra meu sorriso e satisfação constantemente desfilavam; pois meu coração era atendido em todos os seus anseios. É como se o Senhor estivesse ali, exclusivamente, para cuidar de mim, providenciando o necessário para que tudo fosse perfeito. E, então, acordei.

Ao acordar, voltei à realidade da vida. Esta se estabelece a partir do momento que constatamos que tudo não passou de sonho; e, como sonho, pode ser o resultado de muitas e soltas informações, consciente e inconscientemente assimiladas; assim como o resultado de pensamentos e sentimentos diversos, às vezes até conflitantes, normalmente desordenados, sem ligação obrigatória com princípios e normas bem estabelecidas.

A partir desta constatação, a realidade me reconduziu à fundamentos importantes como a existência de um Deus soberano que é senhor da realidade e, inclusive, da irrealidade, possível pela subjetividade de nosso ser; o que me faz recordar do senhorio de Cristo, ao qual me submeto, conscientemente, a conhecer e a obedecer, aprendendo a viver por meio de seus preceitos; mesmo quando não compreendo tudo o que me cerca.

Em meio a este viver me deparo com o contundente ensino de que o sofrimento faz parte da vida. Não é o ideal, pois sua existência se dá por causa da realidade do pecado no mundo; mas, não posso negar, à luz das Escrituras, que o Senhor, muitas vezes, usa o sofrimento como meio para realizar a sua vontade que, aplicada à nós, tem o objetivo de aperfeiçoar (Tiago 1.2-4). Não posso dizer que aprendo com o Senhor a ser masoquista, mas, sim, que devo evitar atribuir um só sentido para os problemas com os quais me deparo na vida.

Então, me lembro de meu sonho e questiono sua veracidade e aplicabilidade para o meu viver. Até que ponto é possível viver sem problemas e sofrimentos? Até que ponto devo ansiar por isso, chegando a interceder ao Senhor? Até que ponto entro em choque com o meu Senhor por não me submeter à realidade estabelecida por ele no mundo em que vivo? Até que ponto produzo dificuldade para o meu próprio aperfeiçoamento, estando, como criança, a aceitar histórias de mitos, na expectativa de que se tornem realidade? Até que ponto tais anseios expressam mais os desejos de um coração enganoso que, maliciosamente, tem o poder de me fazer viver de mim, por mim e para mim, evidenciando uma real idolatria?

Então, diante deste banho de realidade e em meio ao exercício do discernimento, através das Escrituras, percebo que minha alegria não está atrelada a ausência de problemas ou sofrimentos; mas, que posso, mesmo diante desses, experimentar a serenidade e a alegria ao descansar meu coração no Senhor. É nesse sentido que o Senhor é a minha alegria e a fonte de toda a minha definitiva esperança; tornando possível viver abundantemente como Cristo apregoou.

Eu sei, e aguardo, o tempo em que os problemas e sofrimentos não existirão, quando definitivamente transformados estivermos com o Senhor, gozando da infinitude de Sua presença; mas, até lá, é possível gozar das bênçãos dessa presença tão confortante e revigorante, mesmo em meio aos possíveis problemas e sofrimentos.

Quando firmei meus pensamentos e sentimentos nessa clara e suficiente constatação bíblica, desprendi-me da dependência dos sonhos, não me deixando tornar escravo de seu conteúdo e, ainda, não amarrando minha felicidade aquilo que posso distinguir ser sonho ou pesadelo. Assim, eu posso sonhar; mas, mais do que sonhar, eu vivo em Cristo.