Mês: março 2010

“Dons”, para que os quero?

Por que assumir responsabilidades?  O que ganho em assumir minha participação na igreja? Quais as vantagens em servir, ao invés de ser servido?

Não me sai da cabeça a palavra de Cristo: “Qual é o maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve” (Lucas 22.27).

Por isso o evangelho é motivo de confusão para alguns, e de loucura para outros; pois ensina exatamente o contrário do comum, do politicamente aceitável – o maior ser como o menor, e o que dirige ser como o que serve (conforme Lucas 22.26). Não sonhamos com isso neste mundo egoísta, onde o óbvio é ser servido, revelando assim um status de autoridade e inveja por parte de todos os “incapazes servidores”. Ter o que se espera e gozar do que é servido é sinal de sucesso! Porém, para Cristo, servir é condição para quem possui capacitação suficiente para ser útil. Liderar é possível, e esperado, de quem é capacitado a viver mais para os outros do que para si mesmo. Cristo é o modelo, pois amou Sua igreja e a si mesmo se entregou por ela (Efésios 5.25). Que bênção ímpar! Ter capacitação para ser como Cristo: prontos para servir.

Você está à mesa ou está servindo?

Quem está à mesa sempre quer mais, nunca se contentando com o que recebe. Quem está à mesa é ligeiro no criticar, mas é lento no ajudar. Quem está à mesa é exigente para com os outros, mas tem dificuldade em enxergar suas próprias falhas, demorando a consertá-las. Exige perfeição que não possui. Quem está à mesa só se preocupa consigo mesmo, buscando satisfazer sua fome.

Ao contrário, quem serve tem sempre algo a compartilhar. Quem serve é pronto a ajudar, e a aprimorar seu serviço. Quem serve não costuma ser exigente, reconhecendo o limite dos outros. Quem serve se preocupa com todos. Enfim, quem está à mesa anda insatisfeito e infeliz, enquanto quem serve vive.

Por meio dos dons que recebeu do Senhor, você pode servir. Então, você está à mesa ou está servindo?

Bem me quer, mal me quer, …

Cena famosa esta: a pessoa com uma flor na mão despetalando-a com cuidado, e para cada pétala a expressão: “Bem me quer!”, ou “Mal me quer!”; alternadamente, buscando descobrir a intenção da pessoa amada (desejada) para com ela.

É claro! Sabemos que isto nada diz; ao contrário, normalmente prejudica, criando falsas expectativas e uma ansiedade perigosa. Talvez a própria sobra (da flor despetalada) retrate melhor a condição da pessoa em dúvida.

Deus não age assim conosco, e devemos resistir à tentação de considerá-lo pecaminosamente. Sim, pecaminosamente; pois o Senhor não nos envia à sorte, desfigurada de sentimentos, de pessoalidade, de propósitos. Deus não nos trata como tratamos os objetos, ou mesmo as flores; o Senhor não arranca nossas pétalas, desfigurando-nos; ele realça a beleza de nossa existência, de nossa imagem e semelhança para com ele, de nossa intimidade, quando entendemos sua vontade e a tornamos alvo alcançável, simples e prático. Alvo que nos aproxima de sua santidade, de seu caráter, de sua calma e doce presença.

A insegurança do “bem me quer, mal me quer, …” identifica nossa natureza instável, frágil, que por sua pecaminosidade almeja o reconhecimento, o estrelato, o status de gente avançada, de mente superior. Mas, quando a nova natureza em Cristo predomina em nosso ser, a segurança no Espírito nos confirma o “bem me quer, bem me quer, bem me quer, …”, ensinando que este bem querer é manifestado tanto pela alegria quanto pela tristeza, sorriso e choro, ganhos e perdas, enfim, por tudo aquilo que coopera para o bem daqueles que amam a Deus; pois, afinal, ele é o nosso Pastor e nada nos faltará.

Não se deixe levar pela insegurança de sua natureza humana; mas sim aproveite a firmeza da nova natureza em Cristo, e firme-se no Senhor!

Certo ou errado?

O que é certo? …o que é errado? Onde é a fronteira que separa este problema complicado?

O que é certo ou errado para mim o será também para quem está acomodado?

Ou é apenas uma interpretação de cada um, …um fato isolado!

Muita coisa que ontem era errado, hoje é certo ou, …pelo menos suportado

A humanidade “evoluiu”, …esse é o termo mais comentado!

Não há mais aquele “Vínculo de Família”, …de “Pai Considerado”,

Até mesmo, talvez, porque o mundo ele não tivesse acompanhado!

No turbilhão de tantas mudanças, o pai vai ficando atrasado

Não consegue acompanhar a “evolução”, …porque é muito ocupado,

O ritmo é muito veloz e o deixa atordoado, princípios que antes eram “leis”, …hoje estão num código rasgado!

Cada ensinamento que recebeu e procurou transmitir, …hoje está “ultrapassado”,

Não sabe mais por onde seguir, …ele esta confuso e se sente deslocado!

Como explicar a ele, que já está cansado? Como dizer a ele que tudo aquilo ficou no passado,

E que tem de enterrar quase tudo que foi planejado? Mas a vida continua no seu passo apressado!

Hoje existe a TV, a Internet e até a Escola, … num sistema “muito avançado”…

Ele não consegue criar os seus filhos, conforme lhe foi ensinado, não consegue vencer o “ensinamento” televisado,

Nem o mundo informatizado, que invadem sua casa de um jeito mascarado!

E depois, …quando surge o inesperado, ele acaba se julgando o grande culpado!

É culpado sim, ou pode até não ser, …por haver se descurado,

Por não ter tido competência ou, ainda, por não ter as mudanças acompanhado,

Por ter muito trabalhado, procurando dar aos seus o conforto esperado e sonhado!

Mas será que é só isso? …não existirá algum outro fator acumulado?

A “evolução”, por acaso, …não representou para ele um “Tornado”?

Não chegou modificando tudo, …até o seu sonho dourado petrificando os ensinamentos que havia planejado

No final de cada dia quando chegava em casa suado? Hoje ele estranha tanta liberdade, …e fica parado, abismado!

Ele vê que “se corre, o bicho pega” e “se para, é devorado”… E assim ele prossegue inconformado!

Será que errei? …será que estou certo? …não estarei errado? …ele se pergunta desolado!

E prossegue inconsolado… estou certo?… estou errado?…

Qual a razão desta incerteza crescente? As últimas gerações estão sendo moldadas por diversas e divergentes vertentes que em comum ignoram o conhecimento de Deus; ou, pelo menos, a possibilidade “Deus”. Consequentemente, para manter a coerência de sua formação, as novas gerações ignoram toda a dignidade alicerçada nos princípios morais e espirituais que originam dEle.

Exemplifiquemos isto com a desobediência aos pais.   (1) Deus estabeleceu a obediência aos pais como algo natural, levando-se em consideração a criação, não a evolução.  (2) Deus consagrou esta obediência como mandamento, incluindo uma promessa de bênção para os que o cumprisse: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êxodo 20.12).  (3) A honra aos pais está estabelecida no conhecimento da existência de Deus como Criador, e no conhecimento de seu mandamento, como princípio para a vida. Se, no entanto, desconsidero o Senhor, e sua verdade; não se tem porque seguir esta premissa. Não há coerência em obedecer aos pais.  (4) Como esperar a obediência aos pais de pessoas cujo hábito é reconhecido como coisas inconvenientes. São pessoas que vivem como não convém.

Ao contrário desta realidade, o conhecimento de Deus enaltece o homem, atribuindo-o dignidade. Pois, seu conteúdo tende a produzir vida. Por isso, a afirmação de Cristo: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10).

Cobiça

Cobiça que atrai por tornar fácil

Inibe o esforço de seu detentor

Convencendo-o de que é sócio

De tudo o que almeja ser senhor

Cobiça que enfeia e maltrata

Exala o odor do desamor

Concebendo o pecado na alma

Gera a morte do opressor

Como em sua incansável lida

Tenta a cobiça engessar a vida!

Fuja filho meu de sua mordida

Pois a todos como louca atiça

A prosperidade de sua vida

Depende da morte da cobiça

Wagner Amaral

A Intrigante presença do Senhor

Leia Marcos 4.35-41

O que esperamos depois de um dia inteiro de trabalho? Ao findar o dia, e o cansaço bater, o que mais almejamos? Exatamente o que Cristo queria! Descansar (v.35). Mas, em meio ao descanso, temos uma das experiências mais incríveis dos discípulos com Jesus Cristo. E, através desta experiência vemos o que acontece com grande número dos que buscam seguir a Cristo. Consideremos o texto, aprendendo seis lições para o nosso viver.

1ª lição: Jesus nos ensinou mais através da simplicidade do que da grandeza.

Água em vinho, curas, multiplicação de pães e peixes, ressuscitar mortos, controle sobre a tempestade, tantos sinais, tantos milagres, grandeza suficiente para provar sua divindade, seu poder. Sem falar em sua popularidade, quando no auge de seus sermões e ensinamentos. Mas, incrivelmente (creio que propositadamente), olhando para nosso viver, aprendemos muito mais com o seu chorar, revelando seus sentimentos; com o seu sofrimento como no Getsêmani; com a sua fome, a sua sede, o seu cansaço, a sua irritação quando não achou figos na figueira; sua morte; tudo o que mais nos aproxima dele. Percebemos que ele é mais parecido conosco do que imaginamos, e por isso devemos considerar suas ações e reações, vendo-o como nosso modelo. E, talvez, a principal questão seja: Se Cristo em toda sua grandeza nos ensinou mais através da simplicidade, por que insistimos na grandeza ao invés da simplicidade?

2ª lição: A presença de Jesus não garante ausência de problemas (vv. 37-38a).

Ao contrário do que afirmam alguns, a simples presença de Cristo, ou a menção de seu nome, normalmente traz dificuldades. Jesus estava com os seus “preferidos”, seus “escolhidos”; e mesmo assim, estes enfrentaram uma angustiante situação.

3ª lição: Por vezes, temos a impressão de que Deus não faz nada (v. 38).

A expressão dos discípulos nos três textos é a mesma: “O Senhor não vai fazer nada?”. “O Senhor não se importa conosco?”.“Vai ficar aí dormindo?”. Há sempre uma razão do Senhor, um alvo a ser alcançado, quando Ele fica em silêncio, sossegado, espiando, enquanto nos debatemos, buscando a solução. Como o exemplo dos discípulos que mesmo com seus esforços sucumbiriam.

4ª lição: Apesar de muitos andarem com Jesus, não o conhecem como deveriam (vv. 39-41).

“grande temor” – a idéia do texto é que o medo deles foi aumentado. É estranho, pois eles queriam que Cristo fizesse algo, e quando ele o fez, ficaram ainda mais atemorizados. E a pergunta que fecha o texto demonstra claramente a surpresa deles: “Quem é este?”. Eles já sabiam que ele era o Filho de Deus, já sabiam de seu ministério, já haviam presenciado outros milagres, mas ainda assim se surpreenderam com o agir do Senhor.

5ª lição: A razão de sermos surpreendidos está na timidez espiritual (v. 40).

Timidez no conhecimento de Deus. O que impede de enxergar a Sua real grandeza, e como Ele não se limita ao nosso diálogo. Timidez na expectativa. Esperamos pouco, nos contentamos com o medíocre, nos assemelhamos aos que não tem esperança. Timidez na visão. Uma visão pequena de mundo, uma visão pequena de igreja, de comunidade. Só enxergamos a nossa casa. Só enxergamos o nosso ministério. Só enxergamos as nossas atividades. Não olhamos para o todo, para o mundo, para o reino, para a igreja universal. Resultado: Timidez na fé. Cremos pouco no Senhor. O encaramos como sendo nós, no sentido negativo, pois no positivo (como modelo) temos dificuldade.

6ª lição: Em meio a tudo fica a convicção de que é através de Sua ação que vem a bonança (v. 39).

Foi fornecido, certa vez, um prêmio à pessoa que pintasse o melhor quadro representativo da paz. Dois quadros se destacaram dos demais. Um tratava de uma paisagem de verão. Um regato que corria tranqüilamente através de verdejante prado. Nem a mais leve viração agitava as árvores. O céu estava claro. Uma borboleta colorida voava de flor em flor. Pássaros pousavam nos galhos. Isso era paz.

Mas o prêmio foi conferido ao artista que pintou em sua tela um agitado oceano fustigante. Relâmpagos cruzavam o espaço. Mas ao lado do rochedo, protegido por pequena escarpa, podia-se ver uma gaivota branca em seu ninho. As ondas furiosas arremetiam contra o retiro, mas ela não sentia temor algum. A ave contemplava tranqüilamente tudo, sabendo que estava segura em seu refúgio.

O abrigo do crente é Cristo. Em Cristo, ele contempla tudo sem temor. Está em paz, mesmo em meio à grande tempestade. Pode ser que leve algum tempo, afinal Deus usa o tempo para nos ensinar sobre a vida, sobre o homem, sobre Ele mesmo. Não importa o problema, o tamanho, o tempo envolvido, depois do agir do Senhor vem a bonança; por isso vale a pena esperar por Ele, aguardando sua ação.

A arte de plantar e colher bênçãos

2 Coríntios 9

Se, somos de Deus e temos sido abençoados por Ele demonstremos nossa gratidão em dar-nos a Ele, através de Seu reino. Isto é destacado no texto por Paulo, através do:

1. Ato de generosidade (1-5). “A dádiva anunciada, como expressão de generosidade e não de avareza”.

Bondade, liberalidade; ao contrário de apego demasiado ao dinheiro, a mesquinhez. Paulo queria que a oferta fosse entendida e dada como um ato voluntário, e não porque ele estava forçando a igreja a isso. Paulo conhecia a presteza daqueles irmãos; isto é, sua prontidão, disposição, e boa vontade (2)

2. Ato de alegria (6-9). “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama a quem dá com alegria”.

Ele apresenta algumas bênçãos como condicionadas à nossa atitude, à arte de plantar e colher (6). E no v.7 liga esta arte do plantio ao contribuir. Semeamos quando contribuímos, conseqüentemente colheremos; deixamos de semear quando não contribuímos, conseqüentemente não colheremos.

E ele especifica o sentimento ao fazê-lo: “não com tristeza”, como sendo uma carga, uma perda. “ou por necessidade”, forçadamente, buscando algum retorno, como o desejo da igreja ter boa reputação com os de fora; ou o desejo de dar mais que os outros para ser reputado como generoso, levando os outros a pensarem bem a seu respeito; pior ainda quando este desejo é dirigido a Deus. “mas com alegria”. Por quê? Porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus atua em uma igreja abundante na graça e arte de contribuir para Seu reino, fazendo-a superabundar em toda boa obra (8).

3. Ato de dependência (10-14). “Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para o alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça”.

Somos dependentes do Senhor, e temos de entender que quando realizamos aquilo que agrada ao Seu coração recebemos ainda mais de Suas mãos.

Paulo enfatiza que o Senhor “aumentará a vossa sementeira, enriquecendo-nos em tudo para toda generosidade” (10-11). Por que Deus abençoa? Para que a generosidade continue. Com que propósito? Para que o ministério continue a crescer, trazendo glórias a Deus (12-13).

Conclusão (15). “Graças a Deus pelo seu dom inefável!”.

Na questão de dar ninguém se equipara com o que Deus já fez pelo homem. Seu dom é indizível, impossível de ser descrito pela linguagem e mente humana. Assim, a arte de dar, de ser generoso, contribuindo com o reino de Deus deve ser ministrada por amor e não por segundas intenções. O amor desconhece limites, quando é livremente aplicado. Deus tem usado o amor por Ele, expressado no amor pela obra, para espalhar o Seu amor no mundo.

Somos pequenos. Mas a generosidade, e a disposição em criar parcerias com outras igrejas pequenas, nos transformam em potência de bênçãos para todos, inclusive para nós mesmos.

Qual tem sido a sua participação no reino? Qual o tamanho de sua generosidade? Tem plantado para colher bênçãos?

A um certo crente, homem de negócios, foi pedido que contribuísse com um donativo em auxílio de determinada obra missionária. De boa vontade passou um cheque nominal de 1000 dólares e o entregou ao representante que o visitava. Naquele momento, trouxeram-lhe um telegrama. Ao lê-lo, seu semblante manifestou grande perturbação. Disse: “Este telegrama me participa do naufrágio de um dos meus navios e a perda de toda a sua carga. Isto me obriga a alterar o valor do meu donativo. Tenho que passar outro cheque”. O visitante compreendeu e devolveu-lhe o cheque, imaginando que haveria de receber outro de menor quantia. O negociante, então, passou-lhe outro cheque. Mas qual não foi o seu espanto ao verificar que o novo cheque era de 10 mil dólares. “Não se enganou?” Perguntou o visitante. “Não”, respondeu o negociante. “Não me enganei”. E com os olhos rasos de lágrimas disse: “Aquele telegrama foi uma mensagem do Pai celestial. Li nele: “Não ajunteis tesouros na terra”.