Cada época lança sua tendência popular, seja na música, na moda, na política, ou até mesmo no estilo de um povo. Normalmente, segue-se o padrão popular, desconsiderando-se sua coerência; e validando seu valor pragmático – se gostam, se compram, se digerem, muito bem!
O meio evangélico, como de costume, não ficaria de fora até porque, em sua maioria, é constituído de pessoas que sabem fazer, mas não pensar. Vivemos em plena mutabilidade da linguagem, onde a cada mês surgem novos maneirismos. Ainda que o conteúdo por vezes seja incompreensível (ou mesmo equivocado), as expressões são rapidamente assimiladas, alastrando-se numa velocidade incrível por igrejas em todo o país.
Há algum tempo era um tal de “amarra” daqui e “ata” dali, até que alguém percebeu que a qualidade de tais cordas deixava a desejar, pois o tal tinhoso sempre se soltava a aprontava de novo, precisando ser amarrado novamente.
Em outra eloqüente demonstração de falta de habilidade com as palavras, os tribalistas evangélicos de hoje abusam de verbos no infinitivo. Trocam “ação divina” por “agir de Deus”, por exemplo; “mover do Espírito” é outra expressão recorrente.
O louvor tem sido customizado. Cria-se um estilo, ou um chavão, e pronto! Todos repetem aquilo, buscando copiar até o “jeito da boca”. A impressão é a de que se não fizer daquele mesmo jeito, o louvor não terá sentido, ou seu efeito será diluído. Resultado: falta criatividade e sobra imitação.
Em muitos lugares o período de louvor confirma a insensibilidade dos que não sabem aonde ir, como, quando e sua razão. A cada duas frases o dirigente pede que cada um olhe para o irmão ao lado e diga alguma coisa, sem perceber que essa repetição suprime a espontaneidade e mais constrange do que abençoa.
Felizmente, nem todos são enlatados pelo invólucro modernoso. Alguns têm a devida coragem de dizer a verdade; como, por exemplo, afirmar que grande parte da música de hoje é música horrível feita por agitadores culturais disfarçados de músicos (o pior é que a maioria adora. O que revela o nível cultural e intelectual de nossos dias) – crítica de Dori Caymmi aos músicos de hoje, incluindo os evangélicos.
No livro “1984”, George Orwell escreveu que a sociedade do futuro iria usar um idioma que ele chamou de “novilíngua”. De acordo com o jornalista e escritor inglês o termo “crimidéia” significaria “o crime de pensar”. Quem se atrevesse a perpetrar tal ato seria tachado de “ideocriminoso”.
Remetendo ao idioma orwelliano, fico a desejar, e a clamar ao Senhor que seja misericordioso e levante muitos ideocriminosos no meio de Seu rebanho – pessoas que cometam o crime de pensar, de refletir, de fazer do discernimento seu amigo inseparável. Pessoas que não somente pensem, mas que pratiquem em vida; como resultado da coerência de suas reflexões. Quem sabe Deus não esteja levantando em nossa comunidade pessoas assim? Será você?
“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios e sim como sábios, remindo o tempo porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Efésios 5.14-17).
Desperte do modismo e Cristo te iluminará!