Mês: julho 2009

Conhecer a Deus

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“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem”.

(Leia Jó 42.1-6)

Uma coisa é ouvir falar, outra é experimentar. Eu ouvia falar que petit gateau era bom, mas quando experimentei…, hummm, é maravilhoso!

Pois bem, este texto, objetivamente, nos ensina isto acerca do Senhor. Uma coisa é ouvir falar do Senhor, outra coisa é conhecê-lo através da experiência de vida. É possível ser crente, ser santo, ser justo, vivendo a experiência de Deus através do ensinamento teórico, da lei, das regras, dos princípios. Jó era assim: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (1.8).

Conhecia por meio do ensinamento, a ponto de ter convicção da promessa de Deus (19.25-27). Era responsável, entregando os dízimos e as ofertas; orando; sacrificando por sua família; colocando seus filhos diante do Senhor constantemente; aconselhando as pessoas por meio dos princípios de Deus; servindo de modelo, de ponderação; enfim, era crente, correto, justo, íntegro; mas, … viver Deus; ter uma experiência com Ele em sua vida é outra coisa.

Este livro nos ensina que o verdadeiro conhecimento acerca de Deus não vem através das palavras, mas da experiência destas palavras em nossa vida. E este texto, em particular, retrata a imagem daquele que conhece ao Senhor. Mostra as características daquele que conhece ao Senhor:

Simplicidade. Troca toda pompa pela simplicidade. Aposenta o estardalhaço no cumprimento, o sorriso frouxo, as palavras melosas, pelo olhar simples que revela o sentimento verdadeiro pela pessoa, ou a falta deste. Não chama a atenção para si. Dispensar o complicar, tornando-se simples no comunicar e no viver.

Humildade. Não procura elogios, reconhecimento, vanglória. Mas, sim, reconhece que tudo o que é e faz que vale a pena vem da graça de Deus, reconhecendo o Seu poder (42.2). Humildade para reconhecer seus erros, para voltar atrás (42.3). Humildade para reconhecer as oportunidades dadas e perdidas (42.4). Humildade para recomeçar, jogando fora o orgulho e aceitando a boa mão do Senhor como demonstração de Sua misericórdia (42.6).

Percepção do agir do Senhor. Deixa-se levar pela sabedoria de Deus que é pura (Tiago 3.17-18). E como resultado, prioriza Deus.

Estas características combinam com a mensagem neotestamentaria de morrer para que Cristo viva. Pois, a pessoa com tais características, voltadas para o Senhor, entende que precisa morrer, para que Deus seja visível em seu viver. Tudo o que se quer, tudo o que se faz deve redundar em louvor e honra ao Senhor.

O resultado para a vida daquele que conhece ao Senhor, não é outro a não ser um viver abundante, mesmo em meio a dificuldades. Um viver alegre, saudável, edificante, em paz (42.16-17).

Você conhece a Deus só de ouvir falar, ou os seus olhos já o vêem? Isto não vem sem uma experiência com Ele, que inclui a dor, a decepção, a amargura; mas que sempre, sempre, sempre, nos leva para os Seus braços.

Abandone seu orgulho, despeça a você mesmo, e corra para o Senhor; vivendo tudo aquilo que tem aprendido sobre Ele. Jó não teria esta mesma experiência se não vivesse aquilo que aprendera de Deus. Não seja somente ouvinte, mas praticante, e Deus o conduzirá para uma experiência duradoura com Ele.

Estou cego, pois enxergo!

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Interessante a experiência do apóstolo Paulo no caminho para Damasco, quando ainda era Saulo.   Um dos pontos que mais me despertam a atenção é o de ter Saulo ficado três dias sem enxergar (Atos 9.9).   Por que esta necessidade?   Creio que Saulo jamais enxergou tanto como neste período em que esteve cego.   Um jovem idealista que buscava fogo para queimar (9.1-2); agitado em viagens de perseguição, com sede de extermínio (9.21); para enxergar a realidade teve de ser sossegado pelo Senhor com um período de reflexão, sem subterfúgios para o entreter.   Assim, por três dias, enxergou, avaliou e tomou decisão como nunca antes (Filipenses 3.4-11).

Em um mundo onde imperam a velocidade, a ganância e a abstinência moral, a realidade às vezes só se apresenta nítida àqueles que perdem a visão para o corriqueiro.   Enquanto “enxergam” são  deficientes quanto ao escutar, e ao reparar; assim como ao toque, e à necessidade alheia.   Quando alguém perde a visão passa, por necessidade, a exercitar a atenção; conseqüentemente passa a ser mais gente, usar mais o coração; passa a dar mais valor para a solidariedade.   Assim, se perde a visão, mas se recupera a lucidez; se perde a visão, mas se recupera o diálogo, principalmente com o Criador.

Enquanto o homem age como senhor, levado por aquilo que enxerga, atropela a verdade e a real necessidade de todos (sua e a dos que convivem com ele).   Para ocorrer mudança, é preciso arrependimento e conversão.   Esta só se apresenta quando é cegado para o eu.   Então, como “cego” passa a enxergar com os olhos do Senhor.   Somente assim, moral e espiritualmente falando, pode com alegria dizer:  “estou cego, pois, enfim, enxergo!”.

“Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhai, para que possais ver.   Quem é cego, como o meu servo, ou surdo, como o meu mensageiro, a quem envio?   Quem é cego, como o meu amigo, e cego, como o servo do Senhor?   Tu vês muitas coisas, mas não as observas; ainda que tem ouvidos abertos, nada ouves.” (Isaías 42.18-20)

Por Ele e para Ele

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Por que cantamos, oramos e lemos a Bíblia? Por que nos reunimos semanalmente em comunidade? Por que dedicamos tempo e esforço em projetos, juntos? Por que somos fiéis nas contribuições financeiras? Por quê? Para quê? Já pensou nisso? Já refletiu na possibilidade de participar de todo esse processo chamado igreja, pela simples razão de ter nascido dentro dele? Ou, pela razão de ter sido convencido por amizade, ou necessidade, ou até mesmo pela falta de outros objetivos?

O que fazemos é por Ele (Deus). Tanto pela idéia de ser o responsável direto por isso quanto pela idéia de agirmos em seu nome, pensando nEle.

O que fazemos é para Ele. Objetivamos servi-lo. O fim se encontra nEle. Esta deve ser a razão absoluta de nosso proceder. Esta deve ser a única motivação em nosso ser.

“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as cousas.A ele, pois, a glória eternamente. Amém.” (Romanos 11.36)

Crescemos e envelhecemos tornando tudo impessoal no que diz respeito a Deus: No discurso para os filhos Deus é substituído por Igreja, o que é carregado por toda a vida. Nas conversas joviais Deus é também substituído por agitação, rapazes e moças atraentes, entretenimento, esporte e lazer. Para os que se sentem chamados Deus é substituído por vocação, talento e dons. De maneira geral Deus é substituído pela vontade própria do homem, pelo gosto musical, pelo padrão da igreja, pela solenidade ou irreverência, pela concordância ou discordância de pontos administrativos, teológicos, …..

Não é o tempo, nem as coisas, nem tampouco a igreja (com seus variados tipos) que faz o crente, que transforma vidas, que gera maturidade e abnegação, mas sim Deus.

Não é a alegria e a espontaneidade, nem a fisionomia fechada e a introspecção que transforma alguém a imagem de Deus, mas sim a ação particular, íntima e discreta de Deus em nós, por meio de seu Espírito consolador e educador.

Não é a experiência do homem que se acha vivido que traz conforto e sabedoria, mas sim a experiência da realidade de Deus no homem simples, humilde, pecador.

A vida e a morte por Ele e para Ele.

Oração

Crise existencial

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O que sou? Por que existo? O que devo fazer? O que faço está certo? Está correto o meu modo de viver? Estes são amigos ideais? O que serei? Eu serei?

A crise da existência, isto é, a crise de alguém que existe, que pensa, que sente, é carregada de emoções, de reações, às vezes até espetaculares. Muitos, em meio a esta crise desabrocham para a vida definitivamente, assumindo sua existência e função com relativa perfeição. Outros demoram a sair da crise; mas, conseguem. Outros, ainda, nunca enxergam a saída (alguns até enxergam, porém, lhes falta coragem para agir). Estes definham durante os anos de sua vida, sendo escravos das armadilhas de sua própria mente poluída, mesquinha e muito, muito fraca.

A Palavra de Deus nos revela vários textos que tratam desta crise. Dentre estes, nos presenteia com um dos mais claros e comuns, que certamente afeta a realidade de todo e qualquer ser humano – Romanos 7.15-25.

Neste texto, o apóstolo Paulo escancara a porta de sua existência, falando de sua fraqueza, comum a todo homem. “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir […] Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”. O apóstolo, após séria consideração, chega ao ponto de afirmar: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”. Morte mental, moral, sentimental; morte de ânimo, de alegria, de satisfação; morte de amizades, de relacionamento onde a verdade é vivida, mesmo quando não é agradável e preferível. Morte como contraste de vida – vontade de morrer, de partir, de ser arrancado deste corpo, desta desagradável realidade (ou seria irrealidade?).

Mas, não termina assim. No final do texto o apóstolo respira aliviado e diz: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado. Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.

Assim, como a revelação corajosa de Paulo, todos os outros textos bíblicos que tratam de crise existencial chegam a mesma conclusão: Quando conscientemente entregamos nosso viver a Cristo, não há crise que se instale definitivamente em nossa vida. Não há crise que não possa ser vencida. Não há crise que nos impeça de continuar, de crescer, de vencer. A crise existencial faz parte dos planos do Senhor para sacudir alguns, para humilhar outros, para confirmar poucos. Mas, não faz parte de seu plano instalar a crise e mantê-la na vida de seus filhos. “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte (Romanos 8.2).

Assim, viva!