Mês: junho 2011

Conversão

(Síntese da mensagem pregada no OUSE)

Usarei o diálogo de Cristo com o jovem rico para nossa reflexão. O texto é encontrado em Mateus 19.16-22.

“Mestre, que farei de bom, para alcançar a vida eterna?” (16). A impressão que temos é que ele não desejava verdadeiramente a salvação. Quando falamos de vida eterna, nossa mente logo nos joga para o futuro: céu; paraíso; livramento do inferno; relacionamento infinito com Cristo; etc. Esse jovem desejava outra coisa. Ele tinha uma boa vida; era rico; e, apesar de jovem, era conceituado, numa cultura que valorizava o ancião. Ele desejava o elixir da eterna juventude, a fim de usufruir tudo o que possuía; e continuar em sua busca pela felicidade; pois, apesar de aproveitar o que possuía, algo lhe faltava.

A primeira resposta de Cristo foi: Guarde os mandamentos (17). O que traz uma série de implicações, como integração com o povo de Deus, portador dos mandamentos; vivência dos princípios divinos; e consideração à tradição religiosa recebida. Intrigante o fato de Jesus ter mencionado somente mandamentos que lidam no aspecto horizontal; isto é, que tratam dos relacionamentos humanos: “não matar, não adulterar, não furtar, não assumir falso testemunho; honrar aos pais, e amar ao próximo como a si mesmo” (18-19). Provavelmente, Cristo sabia da necessidade do jovem; e sabia aonde a conversa chegaria.

Então, temos a primeira resposta do jovem: Já vivo. O que ainda me falta? (20) Mais do que a afirmação de que vivia os mandamentos; devemos atentar para a impressão de que ainda faltava algo.

Esta sensação é a mesma de muitos jovens cristãos. São identificados e integrados na igreja, seguem os princípios, as regras impostas, praticam a religiosidade aprendida na tradição denominacional; mas, ainda possuem a sensação de que algo lhe falta. O que seria?

O jovem normalmente acha que é a namorada (ou o namorado) ideal. o casamento, a formação adequada, a profissão perfeita, com o emprego certo; o carro, a moto, a casa, as viagens, as festas; o dinheiro para comprar o que desejar. Mas, descobre com o passar dos anos que além de não satisfazer, tais coisas, ou, pelo menos, a sua busca traz confusão.

O jovem do texto tinha tudo isso; e, ainda, queria continuidade em sua procura, a fim de alcançar a harmonia; a felicidade; a satisfação; enfim, encontrar aquilo que preencheria o vazio de sua vida.

O que ainda me falta? Era sua indagação. A segunda resposta de Cristo foi contundente: Conversão (21). Agora sim, Cristo chega ao ponto principal, e apesar de não alistar os mandamentos que dizem respeito diretamente ao nosso relacionamento com Deus; ele afirma que o jovem deveria desfazer-se daquilo que o impedia de converte-se ao Senhor. Ao contrário de seu desejo pela continuidade da vida que possuía; o que incluía toda a sua riqueza; ele deveria desistir de viver exatamente essa vida, trocando-a pela que Cristo tinha a lhe oferecer.

Cristo está afirmando: Converta-se, quebrante o seu coração. Esta resposta de Cristo poderia ser aplicada de diversas maneiras: Quebre a motivação pecaminosa de suas ações. Quebre a máscara da legalidade. Quebre aquilo que o afasta da intimidade do Senhor. Quebre a arrogância de se ver como “certo”; e os outros como “inferiores”. Quebre a volúpia de querer ter sempre a razão, humilhando o próximo. Enfim, assuma falência de seu próprio senhorio; reconheça que está enguiçado, e que precisa de um novo motor, uma nova direção.

Isto nada mais é do que conversão, que inclui arrependimento (mudança de mente) e mudança de vida, de direção, com um convergir para Cristo. A salvação é para esta vida; o pós-morte será somente continuidade. A salvação é para ser sentida, experimentada, vivida em seu relacionamento com sua família; diante da internet em seu quarto; na decisão do que fazer no final de semana; na intimidade de seu namoro; na sua forma de estudar e produzir; no lidar com as autoridades; nas conversas com seus colegas e amigos; nas compras que faz; e, até mesmo na igreja.

Salvação é purificação (santificação). Ela não somente nos livra da ira que culminaria no inferno; mas, também, tira o inferno, e todas as suas características, e influências de dentro de nós. Limpa, purifica, faz-nos diferentes; isto é, santos à semelhança de Deus. Muda não somente nosso destino, olhando para o final; mas, também, nossa realidade presente e contínua. O foco não está no final; mas sim no processo; fazendo do final apenas conseqüência.

O texto apresenta a segunda, e última resposta do jovem: Não (22). Ele respondeu. Entendeu perfeitamente o que Cristo lhe dissera; e, por isso, respondeu com um sonoro não, apesar de não abrir a boca. Não estava disposto a converter-se. O que revela que o centro do problema encontra-se no coração.

Então, permita-me aplicar toda esta reflexão, considerando a realidade dos problemas e necessidades de todos nós.

O problema, seja qual for, não está no outro, ou na igreja; pois, quando nosso coração é convertido adoramos ao Senhor, servindo para ajudar a corrigir o que está errado; ou reagimos com compaixão e motivação para com o que está errado e desanimado. Aprendemos, inclusive a perdoar e a nos sentir motivados mesmo quando tudo corre contra.

O problema, seja qual for, não está nas condições; pois, quando nosso coração é convertido confiamos no Senhor, e apaixonadamente nos damos a Ele e aos outros; como Zaqueu que em meio a um diálogo com Cristo, teve iniciativa em fazer aquilo que Cristo propusera ao jovem rico, e que foi recusado: vender o que tinha e distribuir aos pobres. Por isso Cristo afirmou que houvera salvação em sua casa. Zaqueu estava pronto a assumir falência, e mudar de vida.

O problema, seja qual for, não está no tempo inapropriado; pois, quando nosso coração é convertido adoramos em todo o tempo; afinal, sempre é tempo de amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos.

O problema está em nosso coração. Para alguns, na cegueira, na ausência de entendimento; achando que o estar na igreja e o seguir determinada tradição, cumprindo com o ritual religioso é o suficiente para alcançar a salvação e as bênçãos do Salvador sobre si. É o caso de alguns que estão dentro de nossas igrejas; que, talvez, não entenderam o que é converter-se a Jesus Cristo; e, então vivem um cristianismo de fachada.

Para outros, o problema está na dureza do coração. Até entende o que Cristo revela; mas, não o quer. Então, assume uma vida de mentira. Um crente que não quer ser discípulo; um salvo que anseia pelo mundo; um cristão que não consegue sentir compaixão. E que pratica tiro ao alvo, no ato de colocar a culpa nos outros, ou na igreja. Para estes sempre faltará algo: salvação.

Se você quer ser perfeito (foi a resposta para o jovem) converta-se da hipocrisia; da frescura; do medo; do desejo de ser o centro do universo; da paranóia de ser vítima; e volte-se para Deus, dedicando tudo o que é e tudo o que possui. Se, aquilo que você é lhe atrapalha de adorar ao Senhor, você precisa abandonar a si mesmo; isto é, precisa se quebrantar, assumir falência, para que o senhorio de Cristo se torne uma verdade em você.

É o que Deus falou a seu povo, através de Salomão: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua vida. Estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste lugar”.

O que lhe falta?

Converta-se.

É HOJE!

Vocacionado à felicidade

A vida confirma aquilo que Deus já revelara; o que compactua com a tese deste autor: A ausência de amor demonstrado, compartilhado, não somente esfria como enfeia o relacionamento (ira, brigas, amargura, divisão, guerra).

O texto moto para este encontro diz: “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.”

Isto não é utopia, não é apenas sonho para os românticos, é realidade; porém, é realidade para um amor vivido, compartilhado. O versículo ligado a este diz: “Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas.”

Estas palavras resumem o tema de todo o livro. Cânticos de Salomão é um livro revelado por Deus para falar do amor. Para provar que a vida a dois é possível. Que o casamento pode e deve ser bem sucedido. Que o relacionamento conjugal é para ser vitoriosamente alegre, bonito, prazeroso e divino.

“Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço”. Um sinete ou um selo era um anel usado na mão direita, ou carregado sobre o coração por meio de uma corrente pendurada no pescoço. Era emblema de autoridade e, portanto, uma propriedade muito preciosa. O simbolismo é a expressão do desejo irresistível de ser a preciosidade de seu cônjuge.

Ser aquilo que vale a pena. Mesmo se tudo der errado; se todos os projetos fracassarem; se todos se afastarem, eu ainda o tenho. Ou mesmo que o sucesso bata a porta, trazendo até aquilo que não foi planejado, coisas grandiosas e maravilhosas, ainda terei minha maior preciosidade: ainda a terei como esposa.

Queremos tanto o que é bom. Ninguém luta para alcançar o que é ruim, não é? Ninguém casa objetivando a decepção, ou a tristeza, ou mesmo a separação. Quando o faz almeja a felicidade. Pois bem, é impossível ser aquilo que vale a pena sem viver o amor, sem compartilhar os pensamentos, sem diálogo, sem o carinho, e o abraço confortante; sem o prazer do relacionamento sexual contínuo.

Lidamos com casais que há muito não compartilham o amor. Estes vivem das aparências; que engana a muitos, mas não a todos. Qual a razão desta infelicidade? Não veem seu cônjuge como o selo sobre o coração, como selo sobre o braço. Não veem seu cônjuge como sua preciosidade. Como aquilo que realmente vale a pena.

O amor não pode ser apagado ou afogado pelas muitas águas; nem pode ser trocado por todo e qualquer bem; desde que seja vivido; desde que seja compartilhado dia-a-dia, através do planejamento, do diálogo, das conquistas, das derrotas, do afeto, e do temor ao Senhor.

Sou vocacionado a viver este amor, e experimentar a alegria no Senhor; em meio à realidade de meu relacionamento conjugal.

E você?