Mês: setembro 2010

Formadores de caráter

E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6.4).

Papai, quero ficar com você”. Esta declaração de um menino de três anos de idade foi feita três vezes antes que o pai levantasse os olhos do que fazia. O pai o havia mandado para a cama diversas vezes. Toda vez, ele dizia simplesmente: “Papai, quero ficar com você”. Daí, para conseguir a atenção do pai, fez uma dúzia de perguntas. Quando o pai parou de escrever, ele perguntou: “Papai, por que parou de escrever?”, e “o que você está pensando agora, papai?”. Quando o pai começou a escrever de novo, ele indagou: “O que você está escrevendo, papai?”.

Finalmente, quando viu que seu pai o ignorava e que estava meio aborrecido com suas interrupções, desceu lentamente do banquinho em que se encontrava e disse baixinho: “Acho que vou deitar agora, papai”.

Foi então que o pai percebeu. Seu filho estava dizendo à sua moda: “Papai, tire um pouquinho de tempo para mim. Por favor, papai, converse comigo”.

Quando virava o canto da escada, o pai o chamou: “Joelzinho venha aqui, deixe papai segurar você antes de ir para a cama. Quero conversar com o meu garoto um pouco”.

Com um grande sorriso, ele veio. Depois de um pequeno tempo, quando ele foi para a cama, ficou pensando na frequência com que suas ocupações o levavam a perder oportunidades preciosas de compartilhar seu amor com seu filho.

O momento de amar é agora. Amanhã será tarde demais para balançar o nenê. Amanhã o pequenino não estará fazendo perguntas. Amanhã o escolar não precisará de ajuda com a lição de casa. Tampouco trará para casa seus amigos para participar das diversões da família.

Ele faz perguntas?

É hora de revelar nosso interesse, além de nossa utilidade.

Ele pede ajuda na lição do colégio?

É hora de alimentar esta confiança, e sua disposição.

Ele pede ajuda na lição da igreja?

É hora de mostrar que Deus é verdadeiramente importante.

Ele quer trazer os colegas para casa?

É hora de acostumá-lo no ambiente familiar.

Ele quer brincar conosco?

É hora de revelar nosso carinho, para que mais tarde ele faça o mesmo por nós.

Devemos ser construtores (formadores) e não deformadores de caráter. Esta é a idéia de Paulo no texto aos efésios.

Fortaleza

Estou em Fortaleza para uma conferência para casais. 23º encontro de casais da Igreja Batista Manancial.

Local maravilhoso (Beberibe); hotel incrível; povo carinhoso e atento; e assunto fundamental: Amor e Respeito.

Privilégio!

Santos

Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Levítico 20.26).

Esta é a ênfase da vida com o Senhor: Ser santo. Isto, mais do que qualquer coisa, resume a razão de nossa salvação, e o propósito de nossa vida. Esta exigência diz respeito ao todo da vida: Religiosamente, sede santos porque eu sou Santo. Socialmente, sede santos porque eu sou Santo. Emocionalmente, intelectualmente, profissionalmente, politicamente, sede santos porque eu sou Santo. E, nas outras coisas, sede santos porque eu sou Santo.

Há uma exigência e um referencial para nós. O referencial é o Senhor. E a exigência é a de sermos como ele, pois fomos separados exatamente para isso.

O que desejo aplicar sobre este tema?

Vivemos um momento conturbado. Estamos em ano de eleição; e, diferentemente de outras épocas, parece que há um real incômodo acerca das propostas políticas apresentadas.

Há duas tendências reinando no meio evangélico: A mais barulhenta com uma noção de guerra, em que surge uma séria preocupação acerca do futuro político de nosso país; trazendo consequências religiosas. Há projetos de lei tramitando no congresso prontos para serem aprovados, e que trarão sérias dificuldades para o povo de Deus.

Os partidários desta tendência, mais do que em outras épocas, estão ativos; instruindo a igreja a votar contra todo e qualquer político que aprove tais projetos. Assim, como em partidos que fechem a favor dos mesmos.

Mas, há uma outra tendência que é a de ignorar este movimento, criticando-o por achar que resolverão os problemas através do voto. Para estes, a questão se resume no seguinte: desde quando este problema e esta perseguição política não existe? Agora acham que os problemas serão solucionados através do votar em partidários aos princípios cristãos?

Pois bem, diante destas tendências o que devemos entender e fazer?

1. Devemos votar com consciência, não simplesmente por estarmos numa guerra espiritual (que de fato sempre existiu); mas sim por sermos santos. E, por ser este o procedimento que o Senhor espera daqueles que foram separados para serem como ele, santos.

2. Devemos votar não por achar que nosso voto fará a diferença; ou não devemos deixar de votar por achar que nosso voto não fará a diferença; mas sim por sermos santos. Esta inclinação errônea é a manifestação do orgulho, através da ignorância.

3. Enfim, devemos fazer o correto da melhor forma possível pela simples razão que esta atitude servirá de adoração ao Senhor. E qualquer coisa diferente servirá de desagravo e mal testemunho.

Devemos simplesmente seguir o procedimento proposto pelo Senhor:

Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Timóteo 2.1s).

A prática do santo neste texto se resume em (1) reconhecer a autoridade daqueles que são autoridade investida. (2) Interceder em favor destes, objetivando vida tranquila e mansa, à ser vivida em santidade.

Se, este texto fosse escrito em nossos dias, provavelmente o autor, visualizando esse objetivo, exortaria seu leitor a orar e a votar com responsabilidade e inteligência; cumprindo com seu papel de cidadão.

Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra, não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens” (Tito 3.1-2).

A obediência neste texto vai ao encontro da responsabilidade e inteligência comentadas anteriormente. Mas, o interessante a se destacar aqui é a pratica esperada dos santos; que, infelizmente, está distante da pratica cristã em nossos dias. A exortação é a de que não sejamos “difamadores”, nem “altercadores”; isto é, caluniadores e resmungões, ranzinzas.

É incrível, para vergonha nossa, a facilidade com que os cristãos tem se dado à difamação, que normalmente carrega como consequência a altercação. O acolher e espalhar e-mails diversos que denigrem a imagem de pessoas, sem a averiguação da verdade. Será que todo cristão ao receber este tipo de e-mail para por alguns minutos para interceder ao Senhor por misericórdia, perdão, justiça; enfim, pela vida do acusado e pela vida tranquila que a igreja deve ter?

O povo cristão, em especial o evangélico, tem envergonhado a nação, agindo como carnal; ao invés de se esforçar para mudar o quadro, agindo como santo: sendo cordato, isto é, cauteloso e cortês; logo, inteligente e responsável.

Nossa nação carece de santos. Não fundamentalmente na política, mas sim na sociedade como um todo. A começar por nossas casas; se estendendo na formação de um povo que tem vocação a ser diferente: a igreja. Enfim, nossa nação carece de uma igreja santa; começando por mim, e por você.

Como está Cristo?

“Antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2.7-8).

Cremos na encarnação de Cristo, assumindo forma humana para cumprir com todo o planejamento divino da salvação de seu povo. Como afirma o apóstolo Paulo aos filipenses: este assumir apesar de ser um acréscimo (a natureza humana) implica em humilhação; pois é o insondável tornando-se sondável. A fim de caminhar com a natureza humana (em perfeita condição; isto é, sem pecado), a natureza divina precisa “esvaziar”: diminuir.

É claro que tal diminuição não implica em deixar de ter certos atributos; e isto por algumas simples razões: (1) Não seria diminuição e sim abandono. (2) Atributos formam a essência da pessoa. É o conjunto de atributos que define o que a pessoa é. Se, Cristo deixasse alguns atributos, evidentemente deixaria de ser Deus; pois, essencialmente não teria certos atributos de divindade. Mas, ao contrário, afirmamos à luz do NT que essencialmente, durante sua encarnação, ele era Deus. Não há, por exemplo, Deus sem onipotência, onisciência e onipresença.

Assim, parece sensato admitir que esta diminuição, apresentada por Paulo, diz respeito ao uso de seus atributos. Sendo Deus Cristo possuía todos os atributos de divindade; mas, ao assumir a forma humana, deixou o uso de tais atributos; afinal seria impossível ser onipresente, tendo um corpo, por exemplo. Ao deixar o uso de tais atributos, Cristo vivenciou a dependência do Espírito Santo em sua plenitude (possível para alguém sem pecado). Dependência facilmente observável em todos os evangelhos, a começar pelo direcionamento em toda a tentação no deserto, em seu início de ministério.

Pois bem, Cristo nasceu, viveu, morreu e ressuscitou; assumindo forma glorificada semelhante à que teremos (Filipenses 3.20-21). Continuou a ser identificado, mesmo após a glorificação. Continuou a possuir corpo, o que, mesmo glorificado, dá continuidade à sua diminuição. Lembre-se de que esta diminuição referente a Cristo nada tem a ver com pecado; mas sim em assumir forma humana. Após a ressurreição, sua forma humana foi continuada em estágio glorificado; em estágio final no plano divino para seu povo.

A questão é: Temos a expectativa de para sempre conviver com o nosso Senhor: Cristo. Que, por sua vez, é a revelação perfeita da Trindade aos homens. Este convívio infinito será possível, porque Cristo ao assumir forma humana a assumiu para sempre. Infinitamente ele possuirá corpo glorificado (à nossa semelhança), deixando o uso de alguns de seus atributos, como onipresença. Isto, devidamente entendido, revela a grandeza de seu amor e sacrifício.

Esta reflexão traz a seguinte indagação para a maioria das pessoas: Se isso é real, como está Cristo agora? A resposta bíblica óbvia é: glorificado; e ainda identificável; logo, com corpo humano glorificado. Então, uma considerável aplicação seria: no plano divino de sua criação Cristo assumiu forma humana para revelar e para relacionar para sempre a divindade com seu povo. Dentro do mundo criado (incluindo todas as coisas além de Deus) Cristo “é o resplendor da glória e a expressão exata do ser de Deus, tornando-se superior a todas as coisas criadas, inclusive aos anjos” (Hebreus 1.3-4).

Esta é a realidade que as Escrituras revelam no mundo criado. Já na eternidade é outra coisa… (em breve).