Mês: junho 2012

Erudição e Piedade

Um dos resultados de tantas novidades e transformações quanto ao conhecimento é a impropriedade na identificação e uso de nomes, criando rótulos pouco acertados para referir-se a tendências ou a pensamentos específicos. Em meio à tamanha pluralidade e diversidade de suas manifestações, a inclinação para o reducionismo parece agradável para alguns; e necessária para outros, a fim de manifestar opinião daquilo que pouco se conhece.

Um suficiente exemplo disso é observado quanto ao termo fundamentalista. Parece que muitos dividem o cenário entre conservadores obscurantistas e intelectuais arejados. E, diante desta dicotomia, fazem suas identificações, reduzindo todos aos padrões pré-estabelecidos; que ignoram as potencialidades.

Esta confusão se aplica, também, a questão entre erudição e piedade. Há uma tendência reducionista para definir e identificar ambas as partes; incluindo o diagnóstico que impossibilita sua harmonia. Para muitos a erudição reina no liberalismo teológico, enquanto a piedade descansa na ortodoxia. Assim, se você almeja um pouco de erudição precisará buscar em seminários e livros liberais (ou neo-ortodoxos). Mas, se você deseja um viver piedoso precisará aprender em meio aos seminários e livros conservadores (ou fundamentalistas). Diante desta perspectiva, a teologia é reduzida a inimiga da fé; enquanto a sociologia e filosofia, dentre outras, é identificada como erudição.

O objetivo deste material é o de mostrar que o verdadeiro saber teológico produz piedade. E o que afasta da piedade não é o saber, mas o pecado de desprezar a autoridade da Escritura. A erudição e a piedade devem ser almejadas para o ministério, considerando: (1) Sua correta identificação. (2) Sua compreendida contribuição. (3) E, o esforço para sua harmonização. Desta forma evitar-se-á a tendência de reduzi-las a conceitos inadequados, impedindo seu desenvolvimento na vida e no ministério cristão. Além de se evitar afirmações e classificações falaciosas.

Clique no link abaixo e acesse a apostila usada no workshop: Erudição e Piedade, realizado nas conferências da EBR em junho de 2012.

Erudição e Piedade

Amor e Respeito

Amor e Respeito

 

Primeiro, surge a curiosidade;

Então, nasce a vil desobediência.

Ergue-se a pecaminosidade,

Estabelecendo consequência.

 

Rompe-se a fundamental parceria;

Surge a ingrata disputa dos sexos;

Transformando o amor em histeria,

E os cônjuges em seres complexos.

 

Assim o que era perfeito e belo

É tratado em tom não mais singelo.

 

Mas, o Criador em sua sabedoria,

Dá a fórmula para o casamento:

Amor para a esposa ferida,

Respeito ao marido sedento.

 

Wagner Amaral

A anestesia chamada confiança


“Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma de suas costelas e fechou o lugar com carne” (Gênesis 2.21).

A primeira de todas as especialidades médicas foi a anestesia. Antes de se transformar em cirurgião, o Criador anestesiou o homem (sono profundo) para que não sentisse dor. Uma cirurgia realizada sem anestesia é uma experiência brutal. Em seu livro O físico, a epopeia de um médico medieval, Noah Gordon descreve como eram as cirurgias antes da descoberta da anestesia. Para se amputar uma perna, amarrava-se a pessoa; cortava-se a carne com a navalha; e, em meio aos gritos e contorções, o sangue jorrava; enquanto a serra cortava o osso; seguindo-se a costura da carne; e o cautério com azeite fervente ou ferro incandescente. Terrível experiência! Tão terrível que muitos preferiam a morte.

A dor é o que de pior existe na condição humana. Dor nos dentes; dor no ouvido; enxaqueca; cólicas, das mais diversas; cortes; ossos quebrados; queimaduras; e tantas outras formas de experimentarmos a pior das situações; e a mais indesejável companhia.

Sofro de cálculo renal desde minha meninice. Perdi as contas de quantas vezes fui parar em um pronto-socorro; e em quantas vezes recebi injeções de Buscopan, ou mesmo de morfina. Para quem sofre a crise, nada melhor, e mais desejável, do que o efeito do remédio; que não cura, mas retira a dor, criando uma comunicação com o cérebro, que o faz acreditar que não existe problema algum nos rins. Esses maravilhosos elementos anestesiantes nos fazem experimentar o paraíso, em meio ao inferno da dor. Há o recurso das cirurgias para um alívio mais prolongado; ou, em certos casos, definitivo. E, em meio a esta opção, a anestesia é fundamental para que não sintamos dor; mas sim, durmamos, na expectativa de quando acordar nos depararmos com a solução do problema.

Mas, além das dores físicas; há as dores da alma. O medo, por exemplo, não pode ser amputado. O medo paralisa a vida. Quando dominada pelo medo, a vida se encolhe, deixando de lutar, entregando-se à morte. É, inclusive, por causa do medo que muitos lutam para não dormir. É o medo de estar indefeso; o medo da incerteza; o medo de lidar com trevas; enfim, o medo da impossibilidade de senhorio sobre a própria vida. Afinal, dormir é um exercício de confiança. Dormir bem é possível para quem não insiste em resolver os problemas de uma só vez. É possível para quem não tem pavor da morte; ou, do que virá após ela; afinal a incerteza quanto ao despertar aterroriza a muitos. Dormir bem é para quem não sofre por dever algo a alguém, como carinho ao próximo, ou perdão ao chegado; ou outras demonstrações de amor, que podem incomodar a consciência, tornando-a pesada, e medrosa de algum preço a pagar.

É o medo, em sua versão infantil, que faz com que as crianças queiram alguém próximo na hora de dormir. É preciso espantar o medo para que a vida não se encolha. Mas, o medo só se esvai quando se confia. Para o medo, a anestesia é a confiança no Senhor; pois esta tira a dor, permitindo que a pessoa viva – “Deito-me e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta” (Salmo 3.5). E, em meio à continuidade de sua vida, Deus opera (como cirurgião da alma), tirando o que está estragado por causa da ação cancerígena do pecado; substituindo por aquilo que lhe aperfeiçoará; possibilitando assim que seja transformado à imagem de Cristo – “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3.18).

Você sofre a dor do medo?

Confie no Senhor.