Quando não preguiçosos, são espertos demais. Quando não largados, são engomadinhos demais. Quando não agitados, são retraídos demais. Quando não ativos, são indiferentes demais. Quando não desportistas, são telespectadores demais. Em difícil situação vivem os adolescentes, tanto por suas próprias características e escolhas quanto pela maneira como são vistos e entendidos. Poucos gostam de falar a este grupo (talvez não seja nem gostar, mas ter coragem), pois ou ficam mudos, ou falam demais. Ou nenhuma participação, ou perguntas e mais perguntas, algumas destas de tirar o fôlego!
Uma coisa que gosto neles é a atitude de gostar ou não gostar. É a decisão interna de se dar ou não. É a autenticidade à flor da pele. Pouco espaço para demagogias, para falsidade, para hipocrisia. E também o dar-se por completo quando abraçam uma causa. E é usando esta característica que Deus tem usado adolescentes para dar continuidade ao Seu projeto de vida para Seu povo.
Quero, nas Escrituras, provar como Deus considera este grupo fantástico, e os usa. E, então, motivá-los a serem usados por Deus; assim como motivar-nos ao investimento nestas vidas tão impressionantes. Para isso, veremos o exemplo de três adolescentes.
O primeiro é José (Gênesis 37). Os vv. 4-11 revelam um adolescente petulante. Certamente percebia o ciúme de seus irmãos, pela preferência de seu pai, e ainda assim, fez questão de ser ouvido, de relatar o sonho que indicava sua autoridade sobre os demais. Mas, conhecendo todo o relato sabemos que apesar desta petulância, comum ao adolescente, Deus estava trabalhando em sua vida, preparando-o para o que haveria de acontecer.
Nos vv. 41.38 – 40.46, após um período de grande turbulência – era o queridinho de seu pai e de sua mãe, der repente arrancado de casa pelos próprios irmãos e lançado em uma terra desconhecida, como escravo, tendo que se virar, crescendo em meio a serviço forçado, acusações e prisões, Deus diz pra ele que é hora de ser gente grande, é hora de agir, é hora de ministrar.
Quantos adolescentes numa situação remotamente parecida com a de José, teriam a devida chance, o devido reconhecimento de nossa parte? Teriam a oportunidade de mostrar seu valor, de ministrar ao Senhor? Para mim o ponto mais incrível na história de José é que ele foi rejeitado pelos seus, mas teve oportunidades incríveis dadas pelos de fora, por aqueles que não o conheciam, que não tinham nada a ver com ele.
Deus pode usar pessoas assim; mas o inimigo também, levantando pessoas estranhas para oferecem oportunidades que podem desviar o adolescente dos caminhos do Senhor. Em casos assim Deus pode também ser misericordioso, mas quantos “José” conhecemos? E, por outro lado, quantos adolescentes perdidos? Onde está a misericórdia de Deus? Perguntam alguns. Onde está a responsabilidade dos homens? É que deveria ser nossa principal consideração.
O segundo adolescente a ser considerado é Davi (1 Samuel 17). Nos vv. 24-26, 32-36 revelam um adolescente atrevido, mas corajoso. Algum tempo atrás preguei uma mensagem sobre esse texto, tratando da reação dos incapazes, mostrando como todos, inclusive os irmãos de Davi, se irritaram com ele, por ter tido a atitude que eles deveriam ter, mas não tiveram. Como um bom e autêntico adolescente ele não mediu suas palavras (v.26). Falou o que veio à mente. Falou a verdade, mas, atrevidamente. E parece que é exatamente isto que falta aos maduros, aos experientes, em certos momentos na vida cristã – atrevimento, no Senhor. E a história contada por ele a Saul seria naturalmente digna de uma incrível “história de pescador” (vv.34-35). Mas no seu caso era verdadeira. Ninguém a contestou, nem Eliabe, o irmão bravo. E sabemos como Deus o usou, derrotando o gigante Golias.
Mas quero chamar sua atenção para algo – vv. 38-40. Saul deu para Davi aquilo que tinha de melhor para a batalha – sua armadura. Era a melhor dentre todas. Mas não servia para Davi. Ele pegou as armas que faziam parte de sua realidade, de seu dia-a-dia e derrotou o inimigo. Normalmente passamos aquilo que temos de melhor para eles, ensinamos os macetes da vida, mostramos as ferramentas, aquilo que usamos e que tem dado certo. Mas, nem sempre é o que serve para o adolescente, ou pelo menos, nem sempre é o que serve para aquele momento. Deus pode querer usar outras ferramentas, o Senhor pode querer usar algo mais simples, algo até mesmo insignificante, mas que ao ser usado segundo a Sua direção, produz um resultado maravilhoso (v.43).
Deus queria revelar Sua grandeza através da pequenez e da insignificância de Davi e de suas armas. Deus pode revelar Sua grandeza através da pequenez e das insignificantes ferramentas de nossos adolescentes. Como servos maduros no Senhor, devemos estar atentos para a Sua diversidade no atuar.
O último a ser considerado é Samuel (1 Samuel 3). Samuel era um adolescente que ajudava o Sacerdote no templo. Um adolescente que por voto de sua mãe, aprenderia do Senhor e viveria para o Senhor.
Os vv. 1-10 revelam que Samuel levou em consideração tudo o que o Senhor lhe disse e lhe ensinou em toda a sua vida, e tornou-se o maior de todos os juízes em Israel, o maior de todos os sacerdotes, e um dos maiores profetas.
Ele ouviu! Ele assumiu as três grandes funções de liderança sobre o povo e o fez como ninguém, foi o melhor! E tudo isso porque ouviu ao Senhor.
Meu esperto adolescente, quando o Senhor falar, ouça-o, pois Ele pode fazer maravilhas em sua vida e através de você. Ele pode usá-lo grandiosamente entre nós, pode usá-lo no meio de sua família, entre seus colegas, enfim, Ele pode fazer de sua vida um exemplo para a minha vida, para a vida de muitas outras pessoas.
Então, quando o Senhor falar, ouça-o!