O quê de sua vida pode falar acerca de Deus, combinando com o que a Palavra nos ensina?
Um dos textos mais conhecidos das Escrituras, o Salmo 23, nos ajuda a entender Deus a luz da experiência de vida de todos nós. Davi usa metáforas para descrever o cuidado de Deus para com seu povo, o que nos ilumina quanto ao Deus que adoramos. Ele nos ajuda a entender Deus, através de sua ação em nossa vida.
O Pastor e sua ovelha. O Salmo começa com aquilo que é essencial: O Pastor. Por que nada faltará? Porque temos o Senhor como pastor. A formação deste Salmo é interessante: Ele começa e termina com o Senhor. Por cinco vezes na primeira metade do Salmo temos a ação de Deus, assim como na outra metade mais cinco. E no meio do Salmo temos a única indicação direta da ação do homem – “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte”. Todo o Salmo aponta para o conhecimento de Deus por meio de Seu cuidado, de Sua proteção para com aquele que é alvo de Seu amor.
A expressão: “Nada me faltará”, como observaremos, destaca a importância de tudo o que vivemos; inclusive as coisas ruins, os momentos difíceis, as quedas, tudo aquilo que é comum a realidade humana, a realidade do pecado em nós. Nada nos falta, nem tais coisas; pois, segundo o Pastor, tudo tem o seu lugar e importância.
“Repouso e descanso”. Só precisa de repouso e descanso quem está cansado. Só necessita de refrigério (alívio, consolo), quem está angustiado. Poderíamos ler: “Suaviza-me a alma”. Só precisa ser suavizada a alma que anda pesada, aflita, ou até mesmo carregada de pecado. O Salmo afirma que o Senhor Deus é aquele que conhece o nosso caminhar e sabe o que fazer para mudar nossa vida, o momento em que vivemos. Ele sabe exatamente do que precisamos, e para onde devemos ser levados para sossegar o coração e recuperar as forças.
“Justiça”. A menção de que há justiça e de que somente o Senhor pode nos conduzir a esta, indica decepções, onde a injustiça impera. Você sofre injustiça? Não é reconhecido? Recebeu aquilo que não merecia, ou deixou de receber o que merecia? Davi ensina com sua própria vida que o Senhor nos conduz a justiça, evidentemente a seu tempo, por amor do seu nome. Até, também, porque o Seu nome faz parte naqueles que tem um relacionamento com Ele.
“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte”. Ainda que eu faça besteira, ainda que eu peque, ainda que eu passe por tribulações, seja por minha culpa ou não, nada temerei, por quê? Porque o Senhor é presente. Porque a sua presença é certa, mesmo que não percebamos. Porque ele ministra em nosso favor, usando tudo o que achar necessário. E tudo isso nos consola, nos conforta. Temos aqui o próprio exemplo de Cristo que passou pelo vale da morte, onde obteve sua maior vitória, por isso pode como ninguém interceder por nós (Hebreus 2.18; 4.15-16).
A metáfora muda a partir daqui. A figura muda de pastor para anfitrião: O Anfitrião e seu hóspede.
“Os adversários, ou provocadores”. O Senhor oferece ao crente o tratamento que ele não recebeu. A mesa fala de comunhão. Assim, temos um contexto de paz e harmonia.
“Unges-me a cabeça com óleo”. A idéia não é de unção, como afirmam alguns; mas, sim, a da receptividade como faziam os anfitriões naquela época. Precisa de repouso e de tratamento quem está cansado, esgotado, ou doente. E para estes o Senhor é aquele que cuida, que restaura, que se necessário executa milagres (conforme Sua vontade, Sua determinação, e não a nossa).
“A insistência de Sua misericórdia”. Nada me faltará. Mesmo se eu vacilar, o Senhor agirá com bondade e misericórdia. “Me seguirão todos os dias da minha vida”. A expressão: “seguir” traz a idéia de caçar. Além de levar e guiar, o Senhor me perseguirá, jamais permitindo que eu me retire ou escape. O melhor de tudo isto é ter a promessa, e certeza, de que teremos o Senhor eternamente.
Simplificando, o Senhor é aquele que vive e que faz viver. É aquele que chora e faz chorar. É aquele nos acompanha, que não desiste de nós, que sabe ser paciente, cheio de compaixão.
Numa EBD, um pastor visitante pregava, quando perguntou se havia ali alguma criança capaz de recitar todo o Salmo 23. Entre as muitas mãos, havia a de uma pequenina de apenas 4 anos de idade. O pastor ficou um pouco duvidoso e perguntou se ela podia realmente recitar o Salmo completo. Ela disse que sim e bem alto disse: “O Senhor é meu Pastor, isso é tudo quanto quero”. E sentou-se.
A menina realmente disse tudo, pois isso é tudo quanto há no Salmo. Se pudermos dizer “O Senhor é meu Pastor, isso é tudo quanto quero”, então é porque temos compreendido o Salmo 23. Pois, juntamente do Pastor, segue-se o restante do Salmo; porque se tirarmos o Pastor, o que restará de valor? Deus é o que vale a pena!
Não são as crendices, ou as tradições que geralmente antecedem as crendices; não é a presença em si na igreja; não são as regras; não é o tamanho, nem o tipo de nossa religiosidade que vale a pena, mas Deus. Deus e tudo o que Ele tem para nós. “Nada nos faltará”. Seja, inclusive, este nada algo naturalmente rejeitável por nossa vontade, algo que não se encaixe em nossos sonhos, em nossas ambições; mas nada há de faltar para aperfeiçoar àqueles que têm o Senhor como pastor.
É o Senhor, como teu Pastor, que discerne os teus pensamentos, que controla as tuas palavras, que equilibra as tuas reações? Os que convivem contigo podem testemunhar que a tua vida é conduzida pelo Pastor eterno? O quê de sua vida pode falar acerca de Deus, combinando com o que a Palavra nos ensina?