Mês: outubro 2009

Qual deles?

escritor

Presente, sou distante

Ausente, sou próximo

Ao toque, destôo

Ao escrever, entôo

Expressividade e convicção

Descrevem-me com exatidão

Mas deixam de fora

A medrosa paixão

Minha esposa admira o homem

Mas se encanta pelo escritor

Faço do homem, escritor

Ao assumir a paixão

E do escritor, homem

Ao reivindicar a convicção

Pr. Wagner Amaral

Vergonha do Evangelho

vergonha

Em sua carta aos romanos, logo no início, Paulo afirma “pois não me envergonho do evangelho”. Ele usa uma figura de linguagem (litote) para afirmar algo pela negação do contrário. É como se dissesse: “Eu me glorio no evangelho”; considerando uma honra proclamá-lo.

Ao afirmar que não se envergonhava do evangelho, Paulo insinua que o mesmo era de fato desprezível aos olhos do mundo. E esta era a realidade no mundo daquela época. Tanto em Atenas como em Roma o evangelho era ridicularizado como crença de fanáticos religiosos, sendo ignorado, principalmente quanto à doutrina da ressurreição.

Paulo já havia pregado em Atenas, em Corínto, e em Éfeso; lugares sofisticados; quando recebeu forte resistência e escárnio. Ao contrário de se retrair, envergonhado, o apóstolo assume como honra e motivação em sua vida esta proclamação. E isto porque ele testemunha, pela experiência de sua própria vida, que o evangelho transforma o homem o suficiente para torná-lo sua testemunha pessoal. É uma mensagem ambulante. É como se dissesse: “Deus salva e transforma por meio do evangelho, é verdade; verifique minha vida! Lembre-se de quem eu era e considere quem eu sou hoje”. Não há vergonha, timidez, nada que revele dúvida. E este é o ponto crucial da vergonha ou de sua ausência no homem: a fé.

É este sentimento e conduta que você tem quando no mundo?

Você, dinâmico adolescente (jovem), não há vergonha quando em meio aos seus colegas? Quando surgem pensamentos pecaminosos e palavreado de baixo escalão, sua reação é o sorriso amarelo e a omissão, ou a inteligente palavra e posicionamento que revela o erro e a necessidade de mudança deles? Quando eles falam das festas, das bebidas, do fumo, das drogas, dos relacionamentos sexuais, e do ficar, a identidade com Cristo te envergonha, ou o qualifica a diferença?

Você, experiente homem, ou mulher, não há vergonha em meio aos seus relacionamentos e afazeres? Minha cara, quando as mulheres menosprezam seus maridos e vislumbram experiências indevidas qual o seu comportamento? Quando se dão a conversas fúteis como a afirmar seu poderio sobre o marido, dizendo que este está em suas mãos; ou qualquer outra coisa inútil e claramente contrária aos mandamentos de Deus, qual a sua palavra? Ou será que a concordância e a omissão estão presentes?

Meu caro, quando os homens sugerem negócios indevidos, objetivando o maior ganho de dinheiro, mesmo que através do ilegal, qual é a sua conduta, homem de Deus? Você se assemelha ao homem perdido, sem Deus, no mundo, no palavreado, na forma de fazer negócio, no trânsito, no futebol, na cama, no relacionamento com a família; ou revela a diferença do evangelho em sua vida?

[…]

Para o salvo, seja criança, adolescente, jovem ou adulto, vergonhoso é não testemunhar o Senhor. Vergonhoso é não viver o evangelho (2 Timóteo 1.6-9; 2.15). Vergonhoso é não conhecer a Deus, por intermédio de sua Palavra. É não saber usá-la; não saber defendê-la. É não vivê-la.

Você é do Senhor? Verdadeiramente é do Senhor? Então, tem crescido no conhecimento e manuseio de sua Palavra? Sendo do Senhor você tem vivido o evangelho em sua casa, em seu trabalho, em sua escola, em seus relacionamentos, inclusive na igreja?

Caso contrário, você é do Senhor? Verdadeiramente do Senhor?

(Este texto é uma síntese de parte da primeira mensagem em Romanos 1.16-17; que você pode ouvir na íntegra no arquivo de áudio ao lado. Seja edificado!                                                                                                                                                          Pr. Wagner Amaral)

O Pastor (Salmo 23)

Pastorear

O quê de sua vida pode falar acerca de Deus, combinando com o que a Palavra nos ensina?

Um dos textos mais conhecidos das Escrituras, o Salmo 23, nos ajuda a entender Deus a luz da experiência de vida de todos nós. Davi usa metáforas para descrever o cuidado de Deus para com seu povo, o que nos ilumina quanto ao Deus que adoramos. Ele nos ajuda a entender Deus, através de sua ação em nossa vida.

O Pastor e sua ovelha. O Salmo começa com aquilo que é essencial: O Pastor. Por que nada faltará? Porque temos o Senhor como pastor. A formação deste Salmo é interessante: Ele começa e termina com o Senhor. Por cinco vezes na primeira metade do Salmo temos a ação de Deus, assim como na outra metade mais cinco.   E no meio do Salmo temos a única indicação direta da ação do homem – “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte”. Todo o Salmo aponta para o conhecimento de Deus por meio de Seu cuidado, de Sua proteção para com aquele que é alvo de Seu amor.

A expressão: “Nada me faltará”, como observaremos, destaca a importância de tudo o que vivemos; inclusive as coisas ruins, os momentos difíceis, as quedas, tudo aquilo que é comum a realidade humana, a realidade do pecado em nós. Nada nos falta, nem tais coisas; pois, segundo o Pastor, tudo tem o seu lugar e importância.

“Repouso e descanso”. Só precisa de repouso e descanso quem está cansado. Só necessita de refrigério (alívio, consolo), quem está angustiado. Poderíamos ler: “Suaviza-me a alma”. Só precisa ser suavizada a alma que anda pesada, aflita, ou até mesmo carregada de pecado. O Salmo afirma que o Senhor Deus é aquele que conhece o nosso caminhar e sabe o que fazer para mudar nossa vida, o momento em que vivemos. Ele sabe exatamente do que precisamos, e para onde devemos ser levados para sossegar o coração e recuperar as forças.

“Justiça”. A menção de que há justiça e de que somente o Senhor pode nos conduzir a esta, indica decepções, onde a injustiça impera. Você sofre injustiça? Não é reconhecido? Recebeu aquilo que não merecia, ou deixou de receber o que merecia? Davi ensina com sua própria vida que o Senhor nos conduz a justiça, evidentemente a seu tempo, por amor do seu nome. Até, também, porque o Seu nome faz parte naqueles que tem um relacionamento com Ele.

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte”. Ainda que eu faça besteira, ainda que eu peque, ainda que eu passe por tribulações, seja por minha culpa ou não, nada temerei, por quê? Porque o Senhor é presente. Porque a sua presença é certa, mesmo que não percebamos. Porque ele ministra em nosso favor, usando tudo o que achar necessário. E tudo isso nos consola, nos conforta. Temos aqui o próprio exemplo de Cristo que passou pelo vale da morte, onde obteve sua maior vitória, por isso pode como ninguém interceder por nós (Hebreus 2.18; 4.15-16).

A metáfora muda a partir daqui. A figura muda de pastor para anfitrião: O Anfitrião e seu hóspede.

“Os adversários, ou provocadores”. O Senhor oferece ao crente o tratamento que ele não recebeu. A mesa fala de comunhão. Assim, temos um contexto de paz e harmonia.

“Unges-me a cabeça com óleo”. A idéia não é de unção, como afirmam alguns; mas, sim, a da receptividade como faziam os anfitriões naquela época. Precisa de repouso e de tratamento quem está cansado, esgotado, ou doente. E para estes o Senhor é aquele que cuida, que restaura, que se necessário executa milagres (conforme Sua vontade, Sua determinação, e não a nossa).

“A insistência de Sua misericórdia”. Nada me faltará. Mesmo se eu vacilar, o Senhor agirá com bondade e misericórdia. “Me seguirão todos os dias da minha vida”. A expressão: “seguir” traz a idéia de caçar. Além de levar e guiar, o Senhor me perseguirá, jamais permitindo que eu me retire ou escape. O melhor de tudo isto é ter a promessa, e certeza, de que teremos o Senhor eternamente.

Simplificando, o Senhor é aquele que vive e que faz viver. É aquele que chora e faz chorar. É aquele nos acompanha, que não desiste de nós, que sabe ser paciente, cheio de compaixão.

Numa EBD, um pastor visitante pregava, quando perguntou se havia ali alguma criança capaz de recitar todo o Salmo 23. Entre as muitas mãos, havia a de uma pequenina de apenas 4 anos de idade. O pastor ficou um pouco duvidoso e perguntou se ela podia realmente recitar o Salmo completo. Ela disse que sim e bem alto disse: “O Senhor é meu Pastor, isso é tudo quanto quero”. E sentou-se.

A menina realmente disse tudo, pois isso é tudo quanto há no Salmo. Se pudermos dizer “O Senhor é meu Pastor, isso é tudo quanto quero”, então é porque temos compreendido o Salmo 23. Pois, juntamente do Pastor, segue-se o restante do Salmo; porque se tirarmos o Pastor, o que restará de valor? Deus é o que vale a pena!

Não são as crendices, ou as tradições que geralmente antecedem as crendices; não é a presença em si na igreja; não são as regras; não é o tamanho, nem o tipo de nossa religiosidade que vale a pena, mas Deus. Deus e tudo o que Ele tem para nós. “Nada nos faltará”. Seja, inclusive, este nada algo naturalmente rejeitável por nossa vontade, algo que não se encaixe em nossos sonhos, em nossas ambições; mas nada há de faltar para aperfeiçoar àqueles que têm o Senhor como pastor.

É o Senhor, como teu Pastor, que discerne os teus pensamentos, que controla as tuas palavras, que equilibra as tuas reações? Os que convivem contigo podem testemunhar que a tua vida é conduzida pelo Pastor eterno? O quê de sua vida pode falar acerca de Deus, combinando com o que a Palavra nos ensina?

Conquistar ou ser conquistado?

Nascemos com a volúpia da conquista.   Queremos o leite materno, o colo intenso, a presença constante, o carinho e a proteção.   Crescemos, querendo os brinquedos, o chocolate, o doce, ao invés do salgado; queremos a atenção e a concordância de todos, culminando com os parabéns.   Chegamos à adolescência e a conquista continua, porém com novo gosto, ou nova roupagem.   Continuamos a conquista pela atenção, pela concordância, e pelos parabéns.   Introduzimos novas conquistas:  a menina bonita, o amigo esperto, a turma da hora, a vestimenta que cola, as saídas vespertinas e noturnas.   Chegamos à juventude e as conquistas começam a preocupar:  a pessoa certa para formar a família, o curso perfeito para um futuro promissor, o conhecimento que abre as portas para aquilo que se sonha.   Continuamos a viver, a alcançar anos de vida, e a constância da conquista batendo à porta em todas as manhãs.   Ora, as conquistas saboreiam a vida para o nosso paladar, ora, nos frustram, devido ao insucesso, ou a descoberta de que elas não são suficientes para nossa satisfação.   Conquistar hoje, amanhã, e sempre.

Se esta é a realidade de todos, quem sobra para ser conquistado?   Se todos são conquistadores, a quem conquistamos?   Eis o cerne da questão, o entendimento fundamental para o equilíbrio na vida.   Apesar do mover pela conquista, somos sempre conquistados.   Quando apontamos a mira para algo ou para alguém, buscando conquistar, é sinal de que já fomos conquistados pelo alvo de nosso desejo.   Fisgados por aquilo que almejamos fisgar.   Assim, somos mais conquistados do que conquistadores.

Este entendimento equilibra nossas ações.   Faz-nos enxergar além de nossos sentimentos, levando-nos a refletir sobre o que queremos, por que queremos, e para que queremos.   Torna-nos adultos, sem, contudo, apagar a chama infantil.   Descobrimos que é melhor ser homem do que deus.   Pois a visão de sempre ser conquistador é uma manipulação de nossa natureza, inflamada pela pecaminosidade incrustada em nossos ossos, carne e sangue.      Manipulação que cega o entendimento, criando a falsa impressão de senhorio.   O que embebeda a pessoa em um mar de orgulho e de conseqüente frustração.   Porém, quando acordados pela realidade de sermos conquistados, visualizamos a realidade de nossa pequenez.   Assim, somos alcançados pela graça do Criador, e mergulhados em um mar de amor.   Criando em nós a sensação de dependência, de humildade, de companheirismo, de alegria e satisfação na parceria com Deus.

Conquistar ou ser conquistado?   Ser homem orgulhosamente cego ou ser homem alcançado pela misericórdia de Deus; isto é, ser homem humildemente visionário?

Você conquista ou é conquistado?