Mês: abril 2010

Conferências da EBR

Participe da primeira conferência da EBR (Editora Batista Regular). Sua ênfase é única, e essencial ao ministério da Igreja: A pregação da Palavra. Abrangerá as áreas de hermenêutica, exegese e homilética. Uma conferência centrada nas Escrituras. Faça parte da história, esteja presente!

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Disciplina – para quem?

Muito embora essencial, disciplinar é algo arriscado. O risco está na intenção. Corremos o perigo de usar o recurso da disciplina pensando apenas em nós mesmos, porque seremos ser respeitados. O objetivo de disciplinar para treinar o caráter da criança e do adolescente fica em segundo plano. A disciplina passa a ser fundamentada em um egoísmo sutil, revestido de boa justificativa.

Quando um adolescente me desobedece, o que está em jogo não é meu sucesso como educador, mas a vida do adolescente que ainda não aprendeu a valorizar e a respeitar o outro. O fundamental é que meu ato de disciplinar faça com que o disciplinado entenda que precisa respeitar, dar a importância devida às outras pessoas, inclusive ao seu professor. E, sempre fazendo-o observar o referencial do que é certo e aceitável, que vem do Senhor. Isso é treinar caráter.

Para exercermos uma boa disciplina sobre alguém precisamos disciplinar a nós mesmos. Precisamos treinar o nosso próprio caráter, removendo o egoísmo, o autoritarismo e a insensatez.  Precisamos parar de usar a autoridade que nos foi dada para descontar nos outros as nossas frustrações. Assim, nossas crianças verão a disciplina como algo ainda ruim (que dói), mas não como algo injusto (que revolta). E, mesmo sendo doída, elas valorizarão a disciplina como algo necessário.

Lembre-se de que o Senhor, através de seu Espírito, ilumina; isto é, dá entendimento acerca de tudo aquilo que diz respeito à nossa vida. E ele não ignora as crianças e os adolescentes, deixando-os de fora deste processo de amadurecimento. Se, sendo disciplinados, exercemos disciplina em nossas crianças, o Espírito de Deus as fará entender a legitimidade da disciplina.

Façamos nossa parte, enquanto o Senhor faz a dele!

Participação autoritativa

Há certos costumes semelhantes em todo e qualquer grupo de seres humanos. Por exemplo, o anseio da participação ativa, por parte de seus membros: É o desejo de falar; de fazer valer a democracia. É o desejo de ser ouvido; isto é, de ser levado em consideração. É o anseio em ser importante. Daí as perguntas, as críticas, as opiniões.

De todos os conflitos existentes, talvez, o que existe em todo e qualquer grupo de seres humanos seja o mais engraçado: Quando olha para suas idéias, o indivíduo busca se fazer prevalecer. Mas, quando a idéia em voga é a de outro, o indivíduo busca igualdade democrática. A verdade é que em todos os momentos observamos uma só realidade no indivíduo dentro do grupo: o desejo de prevalecer, de ser importante.

Na Igreja de Cristo, infelizmente, isto não é diferente. Há sempre aqueles que deixam de lado a igualdade no Senhor, a unidade de espírito, o amor ao próximo, para tentar fazer prevalecer seus ideais; esquecendo-se de que, como igreja, nossos ideais são os de Deus.

Interessante notar a facilidade que alguns tem de criticar alguma idéia, colocando-se ferrenhamenta contra; mesmo sem ter a devida autoridade para tal. Por exemplo, não são poucas as vezes que quando o assunto envolve finanças, boa parte dos que mais perguntam, criticam e se mostram contrários a algum projeto, são os que não são dizimistas. Isto é conflitante, pois se mostram preocupados como se o dinheiro à ser aplicado fosse deles; no entanto, não existe participação de seus bolsos na quantia discutida. Sem levar em consideração outros detalhes importantíssimos, eticamente deveriam limitar sua participação em tais discussões, sendo conhecedores de sua infidelidade diante do Senhor; além de sua infidelidade para com o grupo ao qual pertence.

O discípulo de Cristo é chamado para ser modelo à um mundo corrompido, onde a mentira, o engano, a inveja, e outras conseqüências do pecado levam o homem a agir em benefício próprio, mesmo quando em sintonia com o erro.

Nossa participação deve ser autoritativa; isto é, irrepreensível. Ao invés do antigo ditado: “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”, nosso ditado deve ser: “Faça isso porque eu faço”, ou “falo porque eu faço”, ou “critíco porque eu vivo adequadamente”; e assim por diante.

Assim, irmãos, à exemplo do apóstolo Paulo, deixando as coisas que para trás ficam, prossigamos, numa conduta exemplar, a conquistar aquilo para o que também fomos conquistados por Cristo Jesus – a irrepreensibilidade.

Não tenho futuro, tenho vida eterna

A preocupação do homem, normalmente, se concentra em dois pensamentos no tempo: (1) Como aproveitar da melhor forma possível aquilo que vivo? Isto se dá no tempo presente. (2) O que fazer para ter o melhor, considerando o que virá? Isto coloca em questão o futuro. Busca para aproveitar ao máximo o presente, e preocupação com o que viverá. O emprego ou negócio certo que rende a maior quatia de dinheiro; suficiente para regar todos os sonhos. Como uma casa confortável e bem localizada. Um automóvel novo, cheio de acessórios. Um guarda-roupa digno de qualquer ocasião. Enfim, dinheiro, bens e títulos que concedam status.

A questão para quem é “igreja” do Senhor é: Para que está preocupação se tudo isso diz respeito a este mundo (sociedade, filosofia de vida, tempo e estilo terreno e passageiro)? Se, como Cristo afirmou, não somos deste mundo, por que tamanha preocupação e luta para se conquistar aquilo que identifica os que são deste mundo?

Você, como “igreja”, deveria pensar: Não tenho futuro, tenho vida eterna. Isto é, vivo no presente um pouco daquilo que terei para sempre: uma vida intensa com o meu Senhor. Logo, tudo o que diz respeito à vida eterna teria valor para nós, no presente. Enquanto, tudo que diz respeito à vida passageira, mesmo que no futuro, seria desvalorizado.

Eu não tenho futuro, tenho vida eterna. E você?

Perfeição da natureza

Costumo dizer que minha filha é a perfeição da natureza. Minha intenção é a de revelar satisfação por sua beleza feminina, mas infantil. Também, como um bom pai coruja, tenho prazer em expressar o fruto do meu relacionamento conjugal; destacar o meu contentamento com o retrato de minha família.

Perfeição da natureza. É forte, é marcante, é fácil de gravar; e, talvez, seja muito para realçar somente a beleza física. Digo isso porque fiquei a me indagar: “O que é seria perfeição, considerando o homem?”. Qual o retrato de uma pessoa perfeita? Como pintaria esse quadro? Como verbalizaria isso? Além de toda a dificuldade para fazê-lo, o resultado não seria fruto do entendimento de uma só mente? Será que o retrato pintado por mim agradaria a todos? Seria o mesmo retrato e a mesma escolha de outros?

Pois é, fisicamente, a perfeição da natureza seria aquela pessoa que agrada aos olhos; e, se não houver vigilância, agrada à nossa cobiça. Cada um com seu gosto, com sua tendência. Mas, e por dentro? Ou melhor, e no todo? Porque afinal de contas esta mania de dividir a pessoa em interno e externo, corpo e alma, é algo comum, mas errado; pois, nos relacionamos com o todo; namoramos, casamos, vivemos e morremos com o todo. Então, qual seria o retrato da perfeição da natureza no homem?

À luz do “todo” (Bíblia, história e vida), entendo que a perfeição humana se vê no simples, que trilha um caminho pedregoso; mas, que há espaço suficiente para duas realidades: a da natureza pecaminosa apontada na luta dos desejos, na angústia dos fracassos, na indiscreta e cruel limitação, na insistente e irônica performance de nosso erros. Mas, também, a realidade da imagem e semelhança de Deus apontada na simplicidade de quem quer paz, não riquezas, fama, ou qualquer coisa almejada pelo orgulho. Realidade apontada também na humildade de quem reconhece sua pequenez, realçada pela limitação da alma, da força em lidar com as tentações e provações. Imagem de Deus vista na busca de Sua presença por meio da confortante oração, do motivador louvor, da fortificante Palavra revelada, do solto, e às vezes despretensioso, conselho, no dedicado serviço.

Homem perfeito à luz de sua natureza é aquele que não esconde sua realidade humana; mas, que jamais se esquece de quem o criou, de quem o sustenta, de quem tem o poder para aperfeiçoá-lo dia-a-dia. Homem perfeito é o simples, o humilde, o contente com o conquistado e o insatisfeito com o que se está para conquistar. Homem perfeito é você, sou eu, somos nós; quando reconhecemos o que somos e aceitamos aquilo que o Criador projetou para nós: a perfeição. “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Filipenses 3.12).

Sejamos, então, perfeitos.

Coração velho

Não me lembro quem, mas ouvi alguém dizer: “Coração não envelhece!”. Confesso que auilo grudou em minha mente, em parte porque gostei da idéia, achei interessante a maneira de ver o coração; e em parte porque é uma maneira de amenizarmos a velhice: estamos envelhecendo, mas há algo em nós que continua jovem!

Gostei tanto da idéia que na semana seguinte, em uma conversa informal soltei a pérola que ouvira: “meu coração não envelhece, ele é jovem!”. Falei, e saí como vitorioso; crendo naquela afirmação; inclusive achando-me mais jovem do que realmente sou.

Mas, o Senhor me permitiu refletir. Pois bem, refleti e conclui a luz da revelação de Deus que esta afirmação se restringe a duas coisas: (1) à vontade de ser jovem. (2) ao pecado que habita no homem, tentando-o a crer que seu coração não é atingido pela influência do pecado.

Inúmeras vezes o Senhor nos revela a influência e a conseqüência do pecado em nós, atingindo diretamente o coração. Veja alguns exemplos: “Ferido como a erva, secou-se o meu coração; até me esqueço de comer o meu pão” (Salmo 102.4). “Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou do meu pecado?” (Provérbios 20.9). “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável” (Salmo 51.10).

Como pode um coração ser jovem sem Deus? Como pode um coração não envelhecer diante das investidas do pecado – da cobiça, da inveja, do orgulho, da malícia, da desonestidade, da indiferença? Como pode um coração vibrar como o de uma criança depois que experimentou as quedas, as decepções, as tristezas e amarguras que recheiam nossa história de cicatrizes; algumas superficiais, outras profundas, mas todas poderosas para endurecer, esfriar e envelhecer o coração?

Envelhecemos, e isto inclui o nosso coração. Acho até que nosso coração é a parte mais velha do corpo, pois é a que mais trabalha, como também é a que mais sente e sofre.

Mas, em contrapartida, há o regozijo em perceber que temos um Deus que é disposto e capaz de cuidar de nosso coração. Um Deus que como jardineiro rega a nossa alma, apara os galhos, tira as flhas secas, aduba a terra, renovando o nosso espírito. Compreendo e compactuo com os filhos de Coré quando afirmam no Salmo 42: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.

Sem Deus o coração envelhece, endurece e morre. Com Deus o coração envelhece, mas é renovado a cada dia. “Dar-vos-ei coração novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ezequiel 36.26).

deus?

Há dois sentidos bíblicos para o termo “eternidade”. (1) O sentido específico que identifica o Senhor. “Plantou Abraão tamargueiras em Berseba e invocou ali o nome do Senhor, Deus Eterno” (Gênesis 21.33; Isaías 26.4). (2) O sentido limitado da vida para sempre. “Mas eu me lembrarei da aliança que fiz contigo nos dias da tua mocidade e estabelecerei contigo uma aliança eterna” (Ezequiel 16.60; Mateus 19.16, 29; 25.41). A limitação de “eternidade” aqui está no fato de que aquilo de que se fala possui um início; logo, não é essencialmente eterno. A melhor compreensão seria a de infinitude. Há um começo; portanto, há uma limitação quanto à origem; mas, não haverá um fim. Este é o entendimento adequado para o que identificamos biblicamente como “vida eterna”. Pensamos na seqüência infinita; porém, houve um início. Ou, ainda mais, houve um tempo em que esta vida eterna não se aplicava à nossa realidade; mas, somente à mente do Senhor, que é Eterno.

Em seu sentido completo, eternidade é uma realidade única e exclusivamente divina. “Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra” (Provérbios 8.23; Miquéias 5.2; Habacuque 1.12; Isaías 57.15). A sabedoria é personificada, ligando-a como essência a pessoa de Deus. É eterna, não há origem, sempre existiu; no entanto, quando dirigida à nossa realidade criada, há referência a um começo: “desde o princípio, antes do começo da terra”. A limitação não está em sua existência, mas sim na existência da criação. É como se afirmasse: Antes de vocês existirem eu já existia; pois eu sempre existi.

Ao contrário desta realidade exclusivamente divina, nós, para sempre, viveremos a realidade da criação. “Nós, porém, segundo a promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (Isaías 57.15; Apocalipse 21.1-7; Romanos 8.18-23; 2 Pedro 3.13). Por isso, por toda a “eternidade” (infinitamente) o Cristo encarnado e transformado continuará a exercer a função de ser a expressão de Deus aos homens. Para sempre a realidade que existe continuará a existir, porém, em seu estado final: (1) A Trindade em sua eternidade. O que é exclusivo por sua essência, continuará exclusivo, devido a nossa limitação. (2) Os salvos redimidos, na criação redimida, gozando da presença do Senhor através de Cristo, expressão revelada (portanto, limitada) da Trindade eterna. (3) Os perdidos em juízo.

Nada impedirá esta realidade criada e determinada. “Lembrai-vos que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Isaías 14.24-27; Deuteronômio 32.39; Isaías 43.10-13; 46.8-11; Jeremias 31.3). E isto inclui tudo, pela própria realidade da criatura, e da forma de criação que Deus estipulou (imagem e semelhança).

Criaturas que tem o objetivo de se relacionar; não sendo eternas, naturalmente em algum instante tomaria decisão equivocada. A determinação de Deus não está em seu pecar; pois, isso já seria o resultado comum à criatura, pela essência de sua limitação. A determinação de Deus está em criar para se relacionar; isto é, onde está a limitação imposta ao homem? Exatamente na determinação de Deus em possibilitar ao homem o fazer escolhas conscientes. Isto é por demais interessante devido a contradição observada; pois, naquilo que o homem mais se agarra para defender sua liberdade de ser grande e independente (consciência), é exatamente o ponto de fragilidade e dependência.

Portanto, o problema não está em Deus; a solução seria ser como Ele. Porém, outro Deus não poderia vir a existir; somente criaturas limitadas. Exemplo para reflexão: Deus poderia criar alguém perfeito como ele? Não; caso contrário não seria criado, mas eterno (e isto não o diminui; ao contrário, enaltece sua grandeza e singularidade). Fez o melhor, num ambiente adequado, com mínimas possibilidades de sua criatura escolher o pior. Mas, escolheu. Porém, Deus foi misericordioso, providenciando tentação externa, e possibilitando a criatura salvação (diferentemente dos anjos, imortais).

O resultado: Todos nascem contaminados pelo pecado, com queda ao erro; e assim condenados (João 3.36). Mas, por que todos não são salvos? A única resposta que temos nos indica o meio, sem, porém, explicar-nos as razões. “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (Atos 13.48; Marcos 4.10-12; Mateus 11.20-24). Isso não é injustiça? Aos olhos temporais e limitados, talvez sim; mas aos olhos eternos, não. “Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; ainda que houvesse dia eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?” (Isaías 40.12-18; 43.10-13; Romanos 9.14-24).

Assim, toda a história, incluindo a salvação, pertence ao plano eterno de Deus (Romanos 8.28-39). Portanto, não há espaço nas Escrituras para um deus que não conhece o amanhã.

Teísmo aberto

Sua onisciência

Revela a grandeza

De estar além da ciência

Por ser a própria realeza.

Sua onipresença

Estabelece no universo

A impactante crença

De seu reinado certo

Sua onipotência

É a razão de minha crença:

Um Deus dominante

Que tudo vê e provê

Não é ignorante

Como o teísmo aberto crê.

Wagner Amaral