Deus ou deus?

 

Temos um rei justo e implacável na administração de sua lei; porém, de escasso sorriso e de inimaginável abraço despretensioso em algum humilde que não o tenha merecido por uma tarefa frutífera e impecável ao Soberano.

 Temos um rei incrível! Forte, poderoso, vencedor de todas as possíveis e impossíveis batalhas, em quem podemos descansar na certeza de não existir poder superior para nos abater. Um rei santo! Tão santo; tão separado e irrepreensível que parece infinitamente distante de nossa insignificante realidade cotidiana. Ele é lindo! Perfeito! Porém, incomunicável em misericórdia e bondade.

Este parece o retrato de Deus para alguns. Um Deus sério, até mesmo sisudo, atento com um porrete em mãos para atingir a qualquer um dos seus que não siga suas recomendações, registradas em seu manual – a Bíblia.

O problema não está nos atributos identificados nas Escrituras acerca de Deus – Justo, Forte, Poderoso, Majestoso, Santo, dentre outros; mas, sim, na interpretação de alguns que redefine tais atributos à luz de questionável conhecimento e limitada formação. Para estes, Deus torna-se sério e correto; porém, feio e sisudo, possuindo séria dificuldade em demonstrar amor, além de absurda falta de realidade e de bom senso.

Jesus Cristo foi identificado como a revelação perfeita de Deus aos homens (Hebreus 1); e quando o consideramos nos evangelhos, reconhecemos um Deus repleto de compaixão, perdoador, com insistente visão de futuro para aqueles que eram limitados. Chamou seus discípulos e suportou suas idiotices porque sabia ser algo passageiro que desapareceria com a maturidade por vir – de discípulos a apóstolos. Olhou para a pecadora abordada em adultério e a perdoou por enxergar futuro para ela, além de reconhecer pecado em todos os seus acusadores.

E seus seguidores (a tempo e fora de tempo) deram sequência à sua conduta. Paulo afirmou que Deus nos salvou estando nós mortos em nossos delitos e pecados, quando andávamos aprisionados em meio a nossa rebeldia ao Senhor (Efésios 2.1-3). Os olhos do Senhor consideravam nossa realidade pecaminosa, mas valorizavam o futuro em meio à salvação e formação, através de Seu Espírito em nós.

Por que alguns insistem em proclamar um deus feio e sisudo que não perdoa as falhas e limitações e, ainda, tem séria dificuldade em reconhecer a realidade das pessoas? Por que alguns insistem em estabelecer uma estrutura religiosa baseada em uma visão de um deus indesejável, brigão e orgulhoso?

Talvez, porque o Deus revelado nas Escrituras ainda não tenha se tornado seu Deus. Talvez, porque insistam em manter-se surdo e cego para Sua revelação, impondo suas próprias vontades e definições acerca da vida desejada por Ele, revelando a pecaminosa disposição em ocupar Seu lugar ao definir o que deve ser considerado e como deve ser considerado. Talvez, porque o inimigo, ainda, os tenha mantido numa redoma de religiosidade, inculcando a falsa impressão de adoração, mas, na realidade, os mantendo distante da espiritualidade expressada nas Escrituras que estimula ao amor e a humildade.

Deus é Santo, Justo, Soberano, distante de qualquer pacto com o pecado; mas, isto não o torna feio, carrancudo, brigão, separado das pessoas. Deus é amoroso, repleto de compaixão, de misericórdia e de bondade. É um Deus repleto de alegria e que se compraz em criar oportunidades para a mudança esperada. É Deus de segundas oportunidades e que, em hipótese alguma, parece se alegrar com a derrota dos seus, movida pelo pecado.

Adoremos ao Senhor revelado nas Escrituras e, consequentemente, amaremos. Mas, se adorarmos ao deus criado pelos homens em sua religiosidade, aprenderemos a ser distantes e horrorosos. Adoremos ao Senhor!

2 comentários

  1. Obrigada pelo texto. Me faz refletir sobre como tenho achado mesmo nosso Deus tão sisudo (não que Ele não o seja, só que eu só o via assim)! Isso me impede de muitas vezes não me achegar à Ele com a intimidade que Ele espera e sim com aquela resistência desconfiada que os filhos tem quando desagradam a seus pais. Isso me impede também de enxergar Sua alegria e humor…Olha só o que eu estou perdendo!
    Que Ele me livre de ser horrorosa e distante! Abração!

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  2. Amém! Quando evitamos distorcer a imagem do Criador, temos maior facilidade de adorá-lo. Contemplar o Deus revelado nas Escrituras, não o revelado pelo nosso achismo em meio às experiências de nosso viver.

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