deus?

 

deus?

(retomando textos)

Há dois sentidos bíblicos para o termo “eternidade”. (1) O sentido específico que identifica o Senhor – “Plantou Abraão tamargueiras em Berseba e invocou ali o nome do Senhor, Deus Eterno” (Gênesis 21.33; Isaías 26.4). (2) O sentido limitado da vida para sempre – “Mas eu me lembrarei da aliança que fiz contigo nos dias da tua mocidade e estabelecerei contigo uma aliança eterna” (Ezequiel 16.60; Mateus 19.16, 29; 25.41). A limitação de “eternidade” aqui está no fato de que aquilo de que se fala possui um início; logo, não é essencialmente eterno. A melhor compreensão seria a de infinitude. Há um começo; portanto, há uma limitação quanto à origem; mas, não haverá um fim. Este é o entendimento adequado para o que identificamos biblicamente como “vida eterna”. Pensamos na sequência infinita; porém, houve um início. Ou, ainda mais, houve um tempo em que esta vida eterna não se aplicava à nossa realidade; mas, somente à mente do Senhor, que é Eterno.

Em seu sentido completo, eternidade é uma realidade única e exclusivamente divina. “Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra” (Provérbios 8.23; Miquéias 5.2; Habacuque 1.12; Isaías 57.15). A sabedoria é personificada, ligando-a como essência a pessoa de Deus. É eterna, não há origem, sempre existiu; no entanto, quando dirigida à nossa realidade criada, há referência a um começo: “desde o princípio, antes do começo da terra”. A limitação não está em sua existência, mas sim na existência da criação. É como se afirmasse: Antes de vocês existirem eu já existia; pois eu sempre existi.

Ao contrário desta realidade exclusivamente divina, nós, para sempre, viveremos a realidade da criação. “Nós, porém, segundo a promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (Isaías 57.15; Apocalipse 21.1-7; Romanos 8.18-23; 2 Pedro 3.13). Por isso, por toda a “eternidade” (infinitamente) o Cristo encarnado e transformado continuará a exercer a função de ser a expressão de Deus aos homens. Para sempre a realidade que existe continuará a existir, porém, em seu estado final: (1) A Trindade em sua eternidade. O que é exclusivo por sua essência, continuará exclusivo, devido a nossa limitação. (2) Os salvos redimidos, na criação redimida, gozando da presença do Senhor através de Cristo, expressão revelada (portanto, limitada) da Trindade eterna. (3) Os perdidos em juízo.

Nada impedirá esta realidade criada e determinada. “Lembrai-vos que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Isaías 14.24-27; Deuteronômio 32.39; Isaías 43.10-13; 46.8-11; Jeremias 31.3). E isto inclui tudo, pela própria realidade da criatura e da forma de criação que Deus estipulou (imagem e semelhança).

Criaturas que tem o objetivo de se relacionar, não sendo eternas, naturalmente em algum instante tomariam decisão equivocada. A determinação de Deus não está em seu pecar; pois, isso já seria o resultado comum à criatura pela essência de sua limitação. A determinação de Deus está em criar para se relacionar; isto é, onde está a limitação imposta ao homem? Exatamente na determinação de Deus em possibilitar ao homem o fazer escolhas conscientes. Isto é, por demais, interessante devido à contradição observada; pois, naquilo que o homem mais se agarra para defender sua liberdade de ser grande e independente (consciência) é exatamente o ponto de sua fragilidade e dependência.

Portanto, o problema não está em Deus; a solução seria ser como Ele. Porém, outro Deus não poderia vir a existir; somente criaturas limitadas. Exemplo para reflexão: Deus poderia criar alguém perfeito como ele? Não; caso contrário não seria criado, mas eterno (e isto não o diminui; ao contrário, enaltece sua grandeza e singularidade). Fez o melhor, num ambiente adequado, com mínimas possibilidades de sua criatura escolher o pior; mas, escolheu. Porém, Deus foi misericordioso, providenciando tentação externa e possibilitando salvação a criatura (diferentemente dos anjos, imortais).

O resultado: Todos nascem contaminados pelo pecado, com tendência ao erro; e, assim, condenados (João 3.36). Mas, por que todos não são salvos? A única resposta que temos nos indica o meio, sem, porém, explicar-nos as razões. “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (Atos 13.48; Marcos 4.10-12; Mateus 11.20-24). Isso não é injustiça? Aos olhos temporais e limitados, talvez sim; mas aos olhos eternos, não. “Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; ainda que houvesse dia eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?” (Isaías 40.12-18; 43.10-13; Romanos 9.14-24).

Assim, toda a história, incluindo a salvação, pertence ao plano eterno de Deus (Romanos 8.28-39). Portanto, não há espaço nas Escrituras para um deus que não conhece o amanhã.

1 comentário

  1. Boa noite!

    Eu já havia lido o texto duas vezes, e confesso que foi dificil entender. Hoje ao reler o mesmo, percebi a sua simplicidade, conseguindo assim enxergar sua verdade. Grata ao Senhor Jesus. (01/07/2015)

    Deus o abençoe Pastor Wagner.

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